Cientistas da Universidade de Swansea, Reino Unido, realizaram estudos de tomografia microcomputadorizada de múmias egípcias, encontrando múmias de um gatinho, de uma serpente e de um pássaro, informa o portal Science Alert.
"Usando tomografia microcomputadorizada podemos efetivamente realizar uma autópsia sobre estes animais, mais de dois mil anos após a morte deles no Antigo Egito", afirmou o cientista de materiais Richard Johnston, da Universidade de Swansea, sobre o estudo, publicado na revista Scientific Reports na quinta-feira (20).
Uma autopsia típica envolve a extração e manuseamento físico de um corpo morto, danificando assim o quase sempre patrimônio cultural, razão pela qual esta prática hoje não é aceita na arqueologia. Em vez disso, hoje é utilizada a tecnologia de imagens de raio X para examinar o interior de objetos.
No entanto, os raios X apenas oferecem informação bidimensional, e a tomografia computorizada, que é tridimensional, tem relativamente baixa resolução, razão pela qual a recente tecnologia de tomografia microcomputadorizada, que gera imagens em resoluções muito superiores às das tomografias computadorizadas médicas, têm ganhado terreno no campo de arqueologia.
"Com uma resolução até 100 vezes maior que uma tomografia computadorizada médica, fomos capazes de reunir novas evidências de como eles viveram e morreram, revelando as condições em que foram mantidos e as possíveis causas de morte".
Pesquisa minuciosa
As tomografias microcomputadorizadas não conseguiram revelar a causa da morte do pássaro, que se assemelha principalmente a um peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus). No entanto, o tratamento do felino e do réptil parece ser mais negativo.
O felino, provavelmente um gatinho domesticado (Felis catus), tinha menos de cinco meses quando morreu, segundo evidenciado através dos dentes no maxilar que ainda não tinham saído, e também um pescoço quebrado. No entanto, não se sabe se morreu dessa maneira, ou se isso ocorreu como resultado do processo de mumificação.
A serpente, uma naja egípcia juvenil (Naja haje), tinha vértebras deslocadas, levando os pesquisadores a concluir que tinha sido pega pela cauda e "chicoteada", uma teoria que é apoiada pelos extensos danos ao crânio. Além disso, os seus dentes venenosos estavam ausentes, provavelmente não removidos anteriormente na vida, mas como tentativa de proteger o embalsamador.
A civilização egípcia tinha uma extensa tradição de mumificação, aplicada comumente tanto aos humanos como aos animais. No entanto, mesmo que fossem venerados muitas vezes, os animais também eram frequentemente sacrificados aos deuses egípcios antes de serem mumificados.
"Nossas descobertas revelaram novos conhecimentos sobre mumificação animal, religião e relações homem-animal no Antigo Egito", concluiu Carolyn Graves-Brown, a curadora do Centro Egípcio da Universidade de Swansea.