As negociações da oposição têm como alvo apenas Aleksandr Lukashenko, o presidente do país, segundo o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"Isto é praticamente o mesmo que na Venezuela, quando um presidente legítimo é declarado proscrito", disse o alto responsável da Rússia.
Lavrov recomenda que os outros países se abstenham de intervir no país.
"Nossa abordagem é muito simples: é um assunto interno da Bielorrússia. Os próprios bielorrussos são bastante capazes, sendo um povo sábio, de lidar com esta situação. O principal é não provocar distúrbios desde o exterior".
O diplomata russo criticou a opositora Svetlana Tikhanovskaya, que tem feito "afirmações políticas, que além de tudo são duras", e que exige a continuação das greves e protestos. Ele também aponta o valor simbólico de estar realizando cada vez menos discursos em russo, preferindo falar em bielorrusso e inglês.
Além disso, ele referiu que o governo bielorrusso ofereceu à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa instrumentos para monitorar independentemente as eleições, mas que foram recusados de forma "arrogante".
"Eles foram convidados, deviam ter vindo, não havia limites para o número de observadores, podiam até enviar para cada seção [de voto], [mas] recusaram", lamenta Lavrov.
Esperança na situação
No entanto, Sergei Lavrov observa que há sinais de normalização no país que faz fronteira com a Rússia.
"Ao mesmo tempo, sei que nem todos gostam e querem fazer um curso normal e pacífico dos acontecimentos na Bielorrússia, [e não] provocar sangue e levar tudo para o cenário ucraniano", disse.
Como exemplo, ele refere as afirmações de Lukashenko sobre a alteração da Constituição bielorrussa, que inclui um diálogo com os trabalhadores.
"Este é mesmo o caminho mais promissor", afirma.
Por isso, defende, a Rússia não se mostrará contra qualquer decisão tomada por Minsk relativamente a um diálogo com a população.
"O próprio povo bielorrusso decidirá como sair desta situação", aponta.
Em 9 agosto, na Bielorrússia foram realizadas eleições presidenciais, nas quais Lukashenko saiu vitorioso com 80,1% dos votos, segundo dados oficiais.
Insatisfeitos com os resultados, oposicionistas bielorrussos saíram às ruas do país em protesto, tendo alguns demandado nova eleição e mudança de poder. Após se envolverem em confrontos com a polícia, as autoridades relataram a morte de três manifestantes, centenas de feridos e 6,7 mil pessoas detidas.