Em relatório divulgado nesta terça-feira (25), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que na safra 2020/2021, o Brasil pode colher 278,7 milhões de toneladas de grãos, o que representa um aumento de 8%. Desse total, 95% do volume vem da produção de milho, soja, algodão, arroz e feijão.
Ainda segundo os dados da Conab, o Brasil deve registrar um aumento da exportação de soja em 5,8%, sendo que a China deve ser responsável por 80% desse volume. Há também uma expectativa de aumento do consumo interno brasileiro de 5,1%.
Para Hélio Sirimarco, economista, vice-presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), os números da Conab estão dentro das estimativas do mercado e o Brasil tem uma posição privilegiada no setor agropecuário mundial.
"O Brasil tem uma posição privilegiada porque o Brasil é o único país grande produtor que tem áreas disponíveis, áreas para expandir. Além de ter uma condição interessante no que diz respeito às condições climáticas, o Brasil, por exemplo, é o único país do mundo que tem três safras de milho. Então, pela diversidade climática que nós temos, nós temos condições de produzir realmente muito", diz o economista em entrevista à Sputnik Brasil.
"As perspectivas são boas. No algodão nós crescemos também significativamente, em café, cana, produção de açúcar, etanol. Então as perspectivas são muito boas e podemos imaginar certamente que seremos o celeiro do mundo", avalia.
Queda do PIB geral e aumento na participação do agronegócio
O vice-presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) aponta ainda que o setor do agronegócio manteve um papel importante ao longo dos meses de pandemia na economia brasileira.
"É importante ressaltar que o setor foi o grande responsável pelo superávit comercial registrado nesse ano. Se pegarmos aqui os números de janeiro a julho, o saldo da balança comercial, o superávit da balança comercial do setor, foi de R$ 54 bilhões, o maior da história nesse período. [...] Se não fosse o agro nós estaríamos em uma situação extremamente delicada devido ao impacto na pandemia do coronavírus", aponta.
Conforme aponta o relatório Focus, publicado pelo Banco Central brasileiro, a expectativa do mercado é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofra uma queda de 5,46% neste ano. Diante disso, Sirimarco ressalta que hoje o agronegócio representa 21% do PIB brasileiro, com números de 2019. Com as cifras positivas do setor ao longo de 2020, essa participação deve crescer ainda mais, segundo o economista.
"Como nós vamos ter uma queda do PIB esse ano, e o PIB do agronegócio não vai cair – certamente, melhor dizendo –, nós vamos aumentar nossa participação, o agronegócio vai aumentar a participação no PIB brasileiro", conclui.