Presidida pelo deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior, o Dr. Luizinho, a comissão conversou com o embaixador russo em Brasília, Sergey Akopov, com o diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo), Kirill Dmitriev, e com Aleksandr Gintsburg, diretor do instituto que elaborou a vacina, o Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya.
Em declarações aos deputados, Dmitriev explicou que o RFPI analisou 35 vacinas em potencial antes de optar por investir no desenvolvimento da Sputnik V, justamente por considerá-la a mais segura. Tal segurança foi observada nas duas fases de testes já realizadas, cujos resultados estão sendo compartilhados com o Brasil e também serão publicados em uma revista de reconhecimento internacional.
Vacina russa Sputnik V "é segura", diz epidemiologista da Chinahttps://t.co/7tJS1wmrbg
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A Rússia, de acordo com o embaixador Akopov, não tem interesse em ganhar mercado, mas, sim, em fabricar o quanto antes um remédio que possa garantir a toda a humanidade uma defesa contra esse "flagelo" que é a COVID-19. Atualmente, está sendo iniciada a fase três do desenvolvimento da Sputnik V, que consistirá na vacinação de 40 mil pessoas na Rússia.
Para que a vacina possa ter um alcance global, será necessária, obviamente, segundo os especialistas, cooperação com parceiros internacionais, como o Brasil. Por aqui, essa parceria deverá ser liderada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), com eventual apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e conforme a legislação brasileira.
O diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, afirmou que, no momento, os trabalhos realizados através de um memorando de entendimento com o Gamaleya estão em uma etapa de troca de expertise. O instituto paranaense busca realizar uma terceira fase de testes da vacina russa também aqui no Brasil. Isso será possível, segundo ele, após enviar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) as informações referentes às fases um e dois.
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Em nome do Gamaleya, Aleksandr Gintsburg reforçou que o método empregado no desenvolvimento da Sputnik V já vem sendo estudado pelo instituto há 20 anos, tendo sido empregado em outras vacinas anteriores, contra o Ebola e o MERS. Basicamente, ele consiste na inserção de uma parte muito pequena do novo coronavírus em uma célula, utilizando dois vetores adenovirais humanos. Duas doses são aplicadas em um intervalo de três semanas, uma com o sorotipo 26 (Ad26) e a outra com o sorotipo 5 (Ad5).
"Desde 2014, essa tecnologia vem sendo usada para produzir vacinas contra vírus RNA. Assim que conseguimos criar a vacina contra o Ebola. Essa vacina foi usada em 2015, 2016, na República da Guiné", disse ele, acrescentando que o mesmo princípio foi usado na vacina contra o MERS, que é similar ao novo coronavírus.
Segundo os especialistas russos, a Rússia espera ter a capacidade de produzir até dez milhões de doses da Sputnik V até dezembro, aumentando para 50 milhões no futuro. Para quantidades maiores, será necessária a participação de outros países, incluindo o Brasil. Por enquanto, há confirmação de que a mesma proporciona pelo menos cinco meses de imunidade, mas a expectativa é a de que esse prazo seja maior, de, ao menos, dois anos.