O governo brasileiro solicitou a autoridades chinesas a apresentação dos laudos de testes laboratoriais que detectaram traços do novo coronavírus em carne de frango importada do Brasil, segundo comunicado encaminhado à Reuters pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) nesta quarta-feira (26).
De acordo com o portal G1, a solicitação foi formalizada na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, durante uma reunião entre adidos agrícolas brasileiros com autoridades sanitárias chinesas.
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com o empresário Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que manifestou apoio às ações do governo e da empresa envolvida no caso, Aurora, "no sentido de buscar esclarecimentos".
No dia 13 de agosto, as autoridades de Shenzhen anunciaram ter detectado traços do novo coronavírus em frango importado do Brasil, em um lote produzido na unidade da Aurora em Xaxim (SC).
Para Santin, se trata de um evento pontual e que precisa ser investigado. ABPA apoia a posição da empresa de que a contaminação pode ter ocorrido durante o processo de transporte.
"A Aurora, como a grande maioria das empresas do Brasil, tomou todos os cuidados, em cumprimento do Portaria Interministerial Nº 19, evitando que o coronavírus entre em suas plantas", alegou o entrevistado.
O empresário lembrou que as autoridades chinesas, até agora, não apresentaram os resultados dos testes, nem nenhum tipo de documento referente ao processo. A Aurora, por outro lado, tem certeza de que "não há funcionários contaminados que tiveram contato com o produto".
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) garante que não tem como a carne transferir o vírus. Então nós temos sim a certeza absoluta de que esse vírus não saiu de dentro da fábrica da Aurora", afirmou Ricardo Santin.
Além das medidas exigidas pelo MAPA, as empresas têm adotado medidas no âmbito de um protocolo firmado em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, destacou o presidente da ABPA. Considerando todas as ações realizadas pelo setor para afastar as pessoas de diversos grupos de risco das atividades, não haveria "possibilidade de uma pessoa contaminar, nem ter contato com produtos nas fábricas".
Para o entrevistado, o episódio não deve afetar o comércio entre os dois países, que segue em ritmo de crescimento.
"O fluxo de comércio entre Brasil e China continua muito bem colocado e está seguindo um fluxo natural com o aumento das vendas e da demanda", concluiu Santin.