Raoni está bem de saúde, não tem febre e respira normalmente sem o auxílio de oxigênio, acrescentou nesta segunda-feira (31) em nota o Instituto Raoni, organização não governamental que promove campanhas em defesa dos direitos indígenas e da qual Raoni é o líder.
Comandante da etnia Kayapó, Raoni é um crítico do presidente Jair Bolsonaro por sua posição em relação à Amazônia e visitou várias lideranças europeias para denunciar a campanha do mandatário brasileiro para explorar economicamente as terras indígenas na selva amazônica.
Bolsonaro, que rejeitou o pedido do presidente francês Emmanuel Macron de se encontrar com Raoni, alega que urbanizar e explorar a área é fundamental para a prosperidade econômica da população local e do país. A maioria dos indígenas e especialistas discorda.
Cerca de 30 mil indígenas contraíram o novo coronavírus e mais de 700 morreram desde o início da pandemia, segundo dados da Associação dos Povos Indígenas do Brasil. Em 4 de agosto, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) forçou o governo a apresentar em 60 dias um plano para criar barreiras sanitárias que protejam as comunidades nativas da COVID-19.
Há um mês, o cacique de quase 90 anos teve de ficar internado por dez dias após apresentar diarreia e desidratação em sua casa na reserva indígena Xingú, considerada uma das maiores do mundo no estado de Mato Grosso. Raoni sofria de hipertensão e anemia, tinha úlceras e foi submetido a duas transfusões de sangue.
Por anos Raoni faz campanha pela proteção dos territórios indígenas na Amazônia e pela própria selva. Um documentário de 1978, "Raoni: The Struggle for the Amazon", contribuiu para sua fama, assim como uma turnê de 1989 com o músico britânico Sting.