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Impactos do vazamento de óleo nas praias brasileiras devem durar mais de 1 década, projeta biólogo

© Folhapress / Eduardo AnizelliManchas de óleo são vistas na praia de Pedra do Sal, em Itapuã, em Salvador (BA).
Manchas de óleo são vistas na praia de Pedra do Sal, em Itapuã, em Salvador (BA). - Sputnik Brasil
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Na última quinta-feira (27), a Marinha do Brasil concluiu a primeira parte das investigações sem apontar culpados pela origem da mancha de óleo que atingiu mais de mil localidades do país.

As manchas de óleo atingiram o litoral de nove estados do Nordeste e dois no Sudeste, totalizando 130 municípios.

O inquérito da Marinha aponta que o petróleo foi derramado a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira e trafegou submerso por 40 dias.

O biólogo Marcelo Soares, pesquisador no Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), destacou que os impactos do óleo não ocorrem somente na área ambiental.

"Nós estamos falando do maior desastre ou crime ambiental que existiu na história do Brasil, uma área gigantesca, mais de mil lugares afetados especificamente, então você teve impactos sociais, econômicos, culturais e ecológicos também", disse à Sputnik Brasil.

Os impactos econômicos e sociais, segundo o pesquisador da UFC, foram sentidos sobretudo nos setores do turismo e da pesca.

"O setor do turismo e da pesca, que são dois setores econômicos e sociais importantes, foram muito impactados, nós tivemos perda de emprego, perda de renda, redução de reservas", destacou.

Segundo Marcelo Soares, os impactos do derramamento de óleo na costa brasileira poderá ser sentido por mais de dez anos.

"Você tem um impacto agudo naquele momento que estava chegando mais óleo, mas lembre-se que existe um impacto que a gente chama de crônico, ou seja, que ele vai ao longo do tempo. O impacto do óleo vai durar mais de uma década e isso a gente já sabe porque já aconteceram casos assim ao redor do mundo", explicou.

O biólogo conta que até hoje o óleo está presente em alguns frutos do mar e ainda não se sabe as consequências do consumo desses alimentos para a população.

"Nós temos toneladas de óleo que hoje estão invisíveis, estão impactando os nossos peixes, os nossos camarões, nossos caranguejos, nossos mangues, nossos mariscos e isso traz um risco alimentar gigantesco, principalmente às populações que estão todo dia consumindo esse pescado sem saber se ele está contaminado ou não", disse.

Sobre a investigação, Marcelo Soares destaca que é muito importante que se ache o culpado pelo derramamento de óleo.

"A gente tem que encontrar o culpado porque existe um princípio no Direito Ambiental Brasileiro que se chama poluidor pagador, ou seja, o poluidor deveria estar pagando os custos, que são enormes, desse que foi o maior desastre ambiental da história do Brasil. Até agora nós não temos esse cidadão ou pessoa jurídica", completou.

Marinha fala em manter investigações até que 'responsáveis sejam encontrados'

Em nota enviada à Sputnik Brasil, a Marinha do Brasil disse que as investigações ainda estão em curso em parceria com diversos órgãos.

"A Marinha do Brasil conduz, de forma ininterrupta, desde o aparecimento dos primeiros vestígios de óleo nas praias, uma investigação complexa, contando com a participação de diversas instituições, técnicas, científicas e especializadas, brasileiras e estrangeiras e tem trabalhado de forma cooperativa com o inquérito criminal instaurado pela Polícia Federal [PF]", explicou.

Segundo a Marinha do Brasil, a investigação vai ocorrer até que os responsáveis sejam identificados.

"Com base em todo esse trabalho científico, a Marinha do Brasil entregou relatório com conclusões à Polícia Federal, o que contribui para a identificação do provável causador e a origem do crime ambiental. Os trabalhos permanecerão até que o responsável seja identificado. É importante destacar que a Marinha do Brasil e a PF trabalham juntas, e a PF vai consolidar essas informações para o desdobramento da investigação", afirmou.
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