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Brasileiros pensam que certas doenças desapareceram e deixam de tomar vacinas, dizem especialistas

© Folhapress / Rubens CavallariSistema Único de Saúde faz mutirão de vacinação contra o sarampo
Sistema Único de Saúde faz mutirão de vacinação contra o sarampo - Sputnik Brasil
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Números do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde mostram que aproximadamente metade das crianças brasileiras não recebeu todas as vacinas previstas no Calendário Nacional de Imunização em 2020.

Os índices contabilizados pelo PNI até esta segunda-feira (7), segundo uma reportagem do portal G1, mostram que a cobertura vacinal no Brasil está em 51,6% para as imunizações infantis.

A porcentagem ideal é entre 90% e 95% para garantir proteção contra doenças como sarampo, coqueluche, meningite e poliomielite.

Para Isabela Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, há um fenômeno chamado de hesitação em vacinar. Segundo a médica, esse fenômeno pode ocorrer por diversos fatores.

"Confiança em vacina não faz você se vacinar. Os vários fatores da hesitação vão desde a falta de percepção de risco, não estar informado sobre a importância da vacinação, não estar informado sobre o risco da doença a também falta de confiança no profissional da saúde ou nas autoridades públicas", disse à Sputnik Brasil.

Segundo Ballalai, a pandemia da COVID-19 pode agravar ainda mais o processo de baixa cobertura vacinal e fazer com que doenças como a poliomielite voltem.

"Fica claro que o medo de sair de casa, a orientação que muitos receberam de não buscar um serviço de saúde a não ser que fundamental, a falta de percepção de que a vacinação é um serviço essencial e que não deve parar mesmo em tempos da COVID-19 fez com que essas coberturas em 2020 estejam entre 50% e 60%. Aí sim a gente tem um risco muitíssimo aumentado que eu arrisco dizer, com possibilidade inclusive, da poliomielite voltar", disse.

Já para Edimilson Migowski, professor de Doenças Infecciosas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o sucesso da vacina em aparentemente erradicar ou diminuir drasticamente a incidência de certas doenças faz com que a população deixe de perceber os riscos dessas enfermidades.

"A vacina hoje vem sendo em parte vítima do seu grande sucesso, a partir do momento que as doenças foram melhor controladas a população perdeu um pouco a sua consciência acerca da gravidade [dessas enfermidades]. Por isso é muito importante trabalhar na promoção de saúde, mantendo a vacinação em dia", disse à Sputnik Brasil.

Outro fator apontado por Migowski é a disseminação de notícias falsas sobre as vacinas.

"A queda da cobertura vacinal vem sendo em parte consequência das fake news em relação às vacinas, as pessoas não cansam de divulgar não só no Brasil, mas no mundo", explicou.

Sobre a hesitação da população brasileira em ir ao posto de saúde tomar vacinas por conta do receio de se contaminar com a COVID-19, Migowski diz que o risco de contaminação em um posto de saúde para tomar vacinas é baixo.

"Sem sombra de dúvida o risco de você adquirir a COVID-19 em uma ida ao posto de saúde para fazer vacinação é muito pequeno. A vacinação traz muito mais benefícios do que um eventual risco de exposição ao novo coronavírus", completou.
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