Francis Fujii, diretor médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em São Paulo, afirmou em entrevista ao UOL que os casos de suicídio aumentaram com a COVID-19.
Antes mesmo do coronavírus, o suicídio já era um problema de grandes proporções no Brasil e no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas tiraram sua própria vida em 2016. Uma morte a cada 40 segundos.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o psicólogo clínico Rodrigo Casemiro afirma que o isolamento e o luto trazem consequências negativas para a saúde mental da população. E até mesmo quem não perdeu um familiar ou conhecido para a COVID-19 enfrenta o luto, já que o isolamento social impôs o luto de uma forma de vida interrompida, uma rotina transformada.
"A depressão também pode ser vista como a falta de sentido da vida. Só que o sentido, quem vai dar é cada um. O sentido da minha vida quem vai dar sou eu, de acordo com aquilo que quero, aquilo que eu gosto, das minhas expectativas, e buscar meios de fazer isso se realizar", avalia Casemiro.
Depressão e alcoolismo
O suicídio mata mais pessoas em todo o mundo do que enfermidades como malária, câncer de mama e conflitos armados. O risco, contudo, não é igual para todos. De acordo com a OMS, dos 13.467 casos registrados de suicídio no Brasil em 2016, 10.203 foram praticados por homens.
O médico psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Bruno Netto dos Reys destaca que o aumento de suicídios e piora da saúde mental é um fenômeno que já foi registrado após outras epidemias como a SARS, MERS e ebola.
O professor da UFRJ também ressalta "dois principais fatores ligados ao suicídio": depressão e alcoolismo.
"Uma forma de abordar esse problema é com esclarecimento, com campanhas, com divulgação, falar do problema, as pessoas buscarem ajuda", afirma Reys em entrevista à Sputnik Brasil. Ainda de acordo com o psiquiatra, o Brasil não tem campanhas nacionais para tratar do suicídio, apenas iniciativas regionais.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento de apoio emocional e prevenção do suicídio. O serviço é gratuito, oferecido em todo o Brasil e funciona 24 horas por dia todos os dia da semana, basta ligar para 188.