A gigante farmacêutica AstraZeneca informou neste sábado que retomou os ensaios da vacina contra a COVID-19 depois de obter autorização dos reguladores britânicos, após uma pausa causada por um voluntário britânico ter adoecido.
"Os testes clínicos da vacina contra o coronavírus da AstraZeneca e Oxford, AZD1222, foram retomados no Reino Unido após confirmação pela Autoridade Reguladora da Saúde e dos Medicamentos (MHRA) que era seguro fazê-lo", lê-se em comunicado da companhia.
AstraZeneca tinha anunciado na quarta-feira (9) que "suspendeu voluntariamente" seu ensaio da vacina depois de o voluntário desenvolver uma doença inexplicável.
Na sequência disso foi criado um comitê independente para rever a segurança da vacina, o que a empresa e a Organização Mundial da Saúde descreveram como um passo de rotina.
A vacina desenvolvida pela referida companhia junto com a Universidade de Oxford é uma das nove em todo o mundo que está no final da fase 3 de ensaios em humanos.
Um voluntário dos testes clínicos da vacina contra a COVID-19 da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca revelou ao Daily Mail que sofreu diversos efeitos adversos, como febre, calafrios, dor de cabeça e fadiga, 14 horas depois de ser vacinado.
Posteriormente, foi revelado que uma rara doença neurológica chamada mielite transversa, que consiste na inflamação de uma seção da medula espinhal, seria a responsável pela paralisação dos testes.
A vacina da AstraZeneca entrou em sua terceira fase de ensaios nos EUA em agosto. Os testes das duas primeiras fases decorreram no Reino Unido, Brasil e África do Sul.
Diretor-geral do RFPI comenta retoma dos testes da AstraZeneca
Por sua vez Kirill Dmitriev, o diretor-geral do Fundo Russo de Investimento Direto (RFPI, na sigla em russo), comentou a retoma dos testes da vacina da AstraZeneca.
"Estamos satisfeitos que a AstraZeneca retomou seus ensaios e continua avançando. Ao mesmo tempo, a suspenção dos ensaios mostrou claramente a ideia errônea da abordagem em que países inteiros se focam exclusivamente em plataformas novas e não testadas na hora de escolher uma vacina, seja o vetor de adenovírus do macaco ou a tecnologia mRNA. Temos repetidamente falado sobre os riscos potenciais que as novas tecnologias podem representar, bem como sobre a existência de uma plataforma comprovada baseada em vetores de adenovírus humanos que demonstrou sua eficácia e segurança", afirmou.
"Além disso, nos EUA e na Europa Ocidental as plataformas comprovadas e seguras baseadas em vetores adenovirais humanos representam apenas 15% do volume total de aquisições de vacinas. Esta situação coloca em questão a correção da abordagem de um certo número de empresas farmacêuticas, que transferem completamente os riscos das vacinas adquiridas para os países compradores. Rússia não vai seguir essa abordagem porque vê a segurança e eficácia da plataforma de adenovírus humano, incluindo a vacina Sputnik V", concluiu Kirill Dmitriev.