Fux sucederá o ministro Dias Toffoli e ficará no comando da mais alta Corte do país pelos próximos dois anos. Ele também presidirá o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em seu discurso de posse, Fux disse que o Poder Judiciário "não hesitará" em tomar decisões que protejam minorias, liberdade de expressão e liberdade imprensa e preservem a democracia e o sistema republicano de governo.
Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Fux deixou claro que vai priorizar "duas questões importantes".
"Primeira [questão] que não vai aceitar nenhum ataque ao Supremo Tribunal Federal como instituição e segundo que vai dar apoio às investigações da Operação Lava Jato. Ele reconhece a importância da Operação Lava Jato nesse contexto histórico recente e julga que a Operação Lava Jato deu uma contribuição ao combate a corrupção e ao fim da impunidade no país", disse à Sputnik Brasil.
Para Ricardo Ismael, Dias Toffoli em alguns momentos priorizou "uma agenda política".
"O ministro Dias Toffoli estreitou muito as relações com o Congresso Nacional e também com a Presidência da República. Procurou se aproximar do presidente da República, dos presidentes das duas Casas Legislativas e, de alguma maneira, às vezes priorizava uma agenda mais política do que a agenda do Supremo Tribunal Federal", lembrou.
Já Luiz Fux, segundo Ismael, vai priorizar a agenda do próprio Supremo.
"Eu entendo que o ministro Luiz Fux tende a priorizar os aspectos mais jurídicos, processuais, evitando estar o tempo todo dando declarações sobre questões relativas ao campo político e sobre questões do cotidiano da política. Até mesmo é importante que isso aconteça porque nós estamos ingressando no processo eleitoral", analisou.
"As eleições municipais de 2020 vão tomar conta do país inteiro e é importante que a gente tenha uma tranquilidade, que os eleitores e eleitoras possam discernir sobre as melhores alternativas para as Prefeituras. De maneira que eu acho importante agora que o STF passe a se concentrar em questões importantes que estão lá para serem julgadas", comentou.
De acordo com o cientista político, há uma divisão dentro do STF entre aqueles que querem impor limites a Operação Lava Jato contra outros que apoiam de forma mais aberta os mecanismos usados durante a operação.
Ricardo Ismael acredita que Fux deve ficar ao lado daqueles que se aproximam na defesa da continuidade da Operação Lava Jato.
"Esses embates e conflitos vão acontecer, mas acho que o ministro Luiz Fux é suficientemente experiente para tentar mostrar para os seus colegas que tudo tem que ter limites. Esses embates no plenário, ou mesmo declarações à imprensa, têm que ser mantidos em um nível que preserve a imagem do STF. Afinal de contas todos têm esse papel de tentar defender a instituição perante a opinião pública e o povo brasileiro", completou.