Usando o Observatório Espacial Herschel, astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, conseguiram determinar as propriedades físicas das cinco principais luas de Urano. A equipe desenvolveu uma nova técnica de análise que extrai sinais fracos das luas próximas ao planeta, que é mais de mil vezes mais brilhante do que os satélites naturais. O estudo foi publicado na segunda-feira (15) na revista científica Astronomy & Astrophysics.
"As luas, que estão entre 500 e 7.400 vezes mais fracas [do que Urano], estão a uma distância tão pequena de Urano que se fundem com os artefatos igualmente brilhantes. Apenas as luas mais brilhantes, Titânia e Oberon, se destacam um pouco do brilho circundante", explica o coautor Gábor Marton ao portal Science Alert.
A radiação infravermelha medida, que é gerada pelo Sol aquecendo suas superfícies, sugere que essas luas se assemelham a planetas anões como Plutão.
Descoberta acidental
"O momento da observação também foi um golpe de sorte", afirma Thomas Muller, também coautor do estudo. O eixo de rotação de Urano e, portanto, também o plano orbital das luas, é excepcionalmente inclinado. Enquanto Urano orbita o Sol há várias décadas, é principalmente o hemisfério norte ou sul que é iluminado pelo sol.
"Durante as observações, no entanto, a posição era tão favorável que as regiões equatoriais se beneficiaram da irradiação solar. Isso nos permitiu medir o quão bem o calor é retido em uma superfície conforme ela se move para o lado noturno devido à rotação das luas. Isso nos ensinou muito sobre a natureza do material", sublinha Muller, que calculou os modelos para este estudo. Disto ele derivou as propriedades térmicas e físicas das luas.
Muller descobriu que essas superfícies armazenam calor inesperadamente bem e esfriam de forma relativamente lenta. Os astrônomos conhecem esse comportamento por meio de objetos compactos com uma superfície áspera e gelada. É por isso que os cientistas presumem que essas luas são corpos celestes semelhantes aos planetas anões na borda do Sistema Solar, como Plutão ou Haumea.
"O resultado demonstra que nem sempre precisamos de missões espaciais planetárias elaboradas para obter novos insights sobre o Sistema Solar", destaca o coautor Hendrik Linz, que projeta novas descobertas em breve. "Além disso, o novo algoritmo poderia ser aplicado a outras observações que foram coletadas em grande número no arquivo eletrônico de dados da Agência Espacial Europeia. Quem sabe que surpresa ainda nos espera lá?".