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Resistência de Bolsonaro aos direitos humanos lembra o período do regime militar, diz especialista

© Folhapress / Zanone Fraissat O presidente Jair Bolsonaro é acompanhado pelo general Luiz Eduardo Ramos durante solenidade comemorativa do Dia do Exército na sede do Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, em 2019.
 O presidente Jair Bolsonaro é acompanhado pelo general Luiz Eduardo Ramos durante solenidade comemorativa do Dia do Exército na sede do Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, em 2019. - Sputnik Brasil
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A alta comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, na última segunda-feira (14), criticou o Brasil pela situação dos direitos humanos no país, destacando um aumento dos ataques a defensores dos direitos humanos e jornalistas.

O Itamaraty, por sua vez, afirmou que a ONU não é "objetiva" em sua crítica e lamentou que o escritório "continue sendo enganado", sem explicar qual seria o engano da organização.

O professor de Relações Internacionais da UERJ, Paulo Velasco, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que o país sempre recebeu críticas de órgãos internacionais de direitos humanos em questões ligados ao sistema prisional, tratamento de comunidades indígenas, violência policial, violência contra a mulher, etc.

O especialista destacou que desde a redemocratização o Brasil "passou a assumir uma postura muito mais cooperativa com o regime internacional de direitos humanos, dialogando muito mais ativamente com os órgãos da ONU", mas o governo Bolsonaro estaria adotando uma postura mais próxima ao período do regime militar em sua relação com órgãos de direitos humanos.

"O que a gente vê no âmbito do governo Bolsonaro é uma resistência, um Brasil muito mais defensivo na questão [dos direitos humanos], não aceitando quaisquer críticas ou recomendações que venham de fora, lembrando muito a posição que o Brasil assumia durante o regime militar, uma postura defensiva, de deslegitimação dos fóruns internacionais de direitos humanos", afirmou Velasco.

O especialista observou que o Brasil é membro do conselho de direitos humanos, mas tem mostrado uma "postura controversa", resistindo pautas ligadas a gênero, direito da mulher, por exemplo, criticando diretamente a comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet.

Participação na Assembleia Geral

Ao comentar sobre a participação do Brasil na reunião da Assembleia Geral este ano, Paulo Velasco disse que a tendência é que o presidente Jair Bolsonaro tenha postura defensiva diante de uma elevação das críticas ao país.

"Nós temos de fato o Brasil como um dos países mais violentos no que tange a atuação de ativistas, jornalistas, e tem havido uma deterioração desta situação nos últimos tempos. Então é natural o Brasil ser cobrado e a tendência é que vejamos mais uma vez o presidente responder de maneira muito ríspida", afirmou.

De acordo com ele, o tom do discurso de Bolsonaro em relação às críticas ao Brasil deve ser pautado em bases soberanistas, no sentido de que "ninguém tem nada a ver com o que acontece aqui dentro", de que são "informações mentirosas", embora os dados sustentem essas críticas ao Brasil.

"Tem havido de fato uma limitação da liberdade de imprensa, a violência contra os profissionais do jornalismo tem sido recorrente no Brasil, bem como a violência contra ativistas e membros de organizações não-governamentais de áreas variadas", completou.

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