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Apesar dos problemas logísticos café segue com 'preço firme' e 'produção gigante', diz empresário

© Foto / Agência Brasil / Marcelo CamargoGrãos de café
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Segundo Ruy Barreto Filho, diretor da Café Solúvel Brasília, os problemas de logística não serão empecilho para os exportadores de café, que esperam uma safra recorde neste ano.

O Brasil enfrenta um problema inédito. Os armazéns de café atingiram seu máximo após a quarentena ter reduzido consumo e o clima ter propiciado uma boa safra do produto, informou Bloomberg.

Segundo a agência, os produtores registraram recorde de vendas de café neste ano, atingindo 60% de uma safra estimada em 68,1 milhões de sacas. Assim, aproximadamente 41 milhões de sacas estão sendo entregues aos compradores, com maior parte do produto indo para armazéns de tradings.

No entanto, as exportações brasileiras de café diminuíram desde o início da temporada em função de gargalos logísticos. Segundo a reportagem, caminhões nas maiores regiões produtoras de café do país aguardam por dias para descarregar a carga de uma safra recorde num ano de queda no mercado global.

Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Ruy Barreto Filho, diretor da Café Solúvel Brasília e ex-diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café Solúvel e da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

O empresário discorda da possibilidade de uma queima de estoque e apontou que o "preço está firme" e a "produção é gigante".

"Não vai haver queima de estoque, porque hoje, diferentemente do passado, a demanda e a oferta estão muito equilibradas", garantiu Ruy Barreto.

Segundo ele, a pandemia afetou somente a produção em regiões onde predomina a colheita manual.

"Afetou muito o Espírito Santo, onde você tem a colheita mais manual, do que no Cerrado Mineiro e Sul de Minas, onde você já tem colhedoras de café que fazem a colheita da fazenda", afirmou o entrevistado.

O empresário ressaltou que a falta de espaço para estocar o café não deve ser um problema para os produtores, pois há alternativas.

"O café não é perecível como as outras commodities. O café cru. Então vai haver um ajuste de logística entre o produtor e o armazenador. Deve ter mais tempo de espera para descarregar o café. Vai ter mais café armazenado lá no exterior, financiado a juros quase negativos. Isso tudo vai depender de como vai se comportar o quadro econômico também. Eu acho que só vai ter benefício. O preço atingiu um patamar muito bom. No meio de uma safra recorde, é quase como ganhar na Mega Sena", afirmou Barreto.

O interlocutor da Sputnik Brasil destacou que "o consumo de café aumenta ano a ano, principalmente no Brasil e no Sudeste asiático". Segundo ele, a pandemia não afetou o consumo do produto de uma forma significativa.

"O cara deixou de tomar café no escritório e passou a tomar em casa e muito mais. O consumo de arroz está aí. O preço está alto em função de vários motivos, um deles é principalmente o consumo. Se tivesse tido queda de consumo por causa da pandemia, você não teria falta de arroz. É igual com o café", concluiu.
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