Uma equipe de cientistas australianos estudou o veneno em árvores no nordeste do país e descobriram que certas plantas podem injetar produtos químicos nas pessoas. Essa toxina é muito parecida com as encontradas nas picadas de escorpiões, aranhas e caracóis. Os resultados foram publicados na revista científica Science Advances na quarta-feira (16).
O contacto de dois segundos com a dendrocnide (que significa ferrão de árvore), uma urtiga da floresta tropical conhecida como gympie ferrão (gympie-gympie, em inglês) produz uma picada muito mais potente do que plantas semelhantes na Europa ou EUA.
A gympie ferrão tem folhas largas ovais, em forma de coração, e é encontrada principalmente em áreas de floresta tropical do nordeste de Queensland, Austrália.

Semanas de dor
As vítimas relatam uma picada que "parece fogo no início, depois diminui ao longo de horas para uma dor que lembra a parte do corpo presa na porta de um carro", explicam os investigadores da Universidade de Queensland. Na fase final, um simples banho pode reaviver a dor e em alguns casos foi relatado que a dor durou semanas.

"Embora provenham de uma planta, os gympietides [nova classe de miniproteínas neurotóxicas descoberta pelos cientistas] são semelhantes às toxinas da aranha e do caracol cônico, na forma como se dobram nas suas estruturas moleculares 3D e têm como alvo os mesmos receptores de dor. Isto, sem dúvida, faz com que a planta gympie-gympie seja uma planta verdadeiramente 'venenosa'", afirma à agência AFP Irina Vetter, coautora do estudo.
Os cientistas esperam que a investigação acabe por contribuir para um melhor tratamento de alívio da dor para as pessoas que foram picadas por essas plantas.