Um estudo realizado em 16 fazendas de martas nos Países Baixos confirma que o novo coronavírus é transmissível entre humanos e animais, revela o portal EurekAlert.
Segundo os veterinários neerlandeses que conduziram a investigação, eles examinaram detalhadamente as interações entre 720.000 animais e 97 pessoas que trabalhavam em 16 fazendas de martas, utilizando o sequenciamento de todo o genoma do vírus para ajudar a determinar as fontes de transmissão.
Os autores do estudo descobriram que 66 dos 97 humanos, ou seja, 67% deles, contraíram a COVID-19 a partir das fazendas de martas infectadas. As propriedades genéticas eram semelhantes aos vírus encontrados nas martas, e não aos de pessoas não relacionadas infectadas com SARS-CoV-2 vivendo nas proximidades.
"Devido ao acompanhamento longitudinal das primeiras quatro fazendas, temos fortes evidências de que pelo menos duas pessoas nessas fazendas foram infectadas por martas", relatam. "Infelizmente, com base em nossas pesquisas, não podemos tirar conclusões definitivas sobre a direção da maioria das infecções, portanto não sabemos o número total de pessoas que foram infectadas por martas".
"Concluímos que, inicialmente, o vírus foi introduzido por humanos e evoluiu nas fazendas de martas, provavelmente refletindo a circulação generalizada do SARS-CoV-2 entre as primeiras fazendas de martas, várias semanas antes da detecção".
Embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar as rotas de transmissão, os pesquisadores enfatizaram que "é muito provável que pelo menos alguns desses funcionários tenham sido diretamente infectados por martas doentes. Dessa forma, descrevemos a primeira transmissão zoonótica comprovada da SARS-CoV-2 para humanos".
De animais para humanos e vice-versa
A pesquisa, que deverá ser apresentada na Conferência ESCMID sobre a Doença do Coronavírus (ECCVID) on-line, entre quarta-feira (23) e sexta-feira (25), é única por ser a primeira vez que se demonstra uma transmissão comprovada de animais para humanos, afirmam os cientistas.
Ao longo de 2020 têm sido publicados diversos estudos apontando a possibilidade de o SARS-CoV-2 ter origem em morcegos e pangolins, com casos confirmados em primatas, cães, gatos, morcegos, hamsters, coelhos, leões e tigres.