O julgamento do dissídio coletivo dos funcionários dos Correios, em greve desde 17 de agosto, será realizado nesta segunda-feira (21) na corte, com início previsto para às 13h.
Reunidos em frente ao Ministério das Comunicação, os trabalhadores afirmam que o objetivo é informar a população sobre o movimento e pressionar o chefe da pasta, Fábio Faria, assim como o presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), general Floriano Peixoto.
"Nossa manifestação não é contra o TST e o objetivo não é pressionar os juízes, mas sim o ministro Faria e o general Floriano", disse à Sputnik Brasil o funcionário dos Correios Maciel Nunes dos Santos, que veio de Santos para Brasília.
'Apenas a manutenção de direitos'
De acordo com os sindicatos da categoria, de um acordo coletivo de 79 cláusulas, a empresa manteve apenas nove. Os grevistas dizem que perderam direitos como auxílio creche, indenização por morte, benefício para pais com filhos especiais, diminuição de vale alimentação, entre outros. Além disso, agora precisam custear 50% do plano de saúde.
"Estamos confiantes com o resultado do julgamento. Queremos apenas a manutenção de direitos que foram perdidos", afirmou Santos.
Em 2019, o TST decidiu que o acordo coletivo tinha validade de dois anos, terminando em 2021. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo recurso da ECT, revogou a validade do contrato. Os sindicatos também criticam os planos de privatização dos Correios por parte do governo. O presidente da ECT disse recentemente que a venda da empresa já está encaminhada.
Greve nos Correios: sindicatos dizem que vão continuar luta se houver perdas salariais no TST https://t.co/kMHg9xYV1X pic.twitter.com/0V6gyhK91P
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) September 18, 2020
Segundo os grevistas, sindicatos de várias regiões do país mandaram de um a três ônibus com funcionários para Brasília. Com a adesão dos trabalhadores da própria capital, a expectativa é reunir 5.000 pessoas no ato.
O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), José Rivaldo da Silva, disse à Spunik Brasil que a manifestação, após a concentração em frente ao Ministério das Comunicação, "fará uma caminhada até a sede dos Correios em Brasília".
"Vamos fazer uma grande assembleia com os trabalhadores presentes e acompanhar o julgamento em um telão", explicou.
ECT espera economizar R$ 800 milhões
A ECT, por sua vez, diz que "vêm tentando negociar os termos" do acordo em "um esforço para fortalecer as finanças da empresa e preservar sua sustentabilidade. No entanto, a empresa argumenta que em um cenário de "crise", a proposta dos sindicatos é "imprudente" e "não há margem para medidas incompatíveis com a situação econômica atual". A estatal espera economizar R$ 800 milhões com gastos com pessoal neste ano.
"A empresa aguarda o julgamento do dissídio marcado e, com ele, o retorno dos trabalhadores, cientes da sua responsabilidade para com a sociedade e da sua importância para a prestação de serviços essenciais à população, em um momento tão delicado para o país e o mundo", afirmou.