O esquema funcionaria por meio de repasses do Fundo Estadual de Saúde a sete prefeituras, que teria 10% desviado para grupo comandado pelo Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, partido de Witzel.
O plano teria sido orquestrado pelo ex-secretário de Saúde Edmar Santos. O esquema foi denunciado pelo empresário Edson Torres, apontado como operador financeiro do grupo. Para o MP, Witzel é o líder da organização criminosa.
Torres resolveu denunciar o suposto esquema voluntariamente ao MPF, após a deflagração da Operação Tris in Idem, que provocou afastamento de Witzel do cargo de governador, a pedido do Ministério Público e determinado pelo Supremo Tribunal de Justiça.
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— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) August 28, 2020
Lucro seria revertido para grupo de Pastor Everaldo
Segundo a denúncia, a Secretaria estadual de Saúde planejou transferir R$ 600 milhões aos fundos municipais de Saúde. O plano seria destinar recursos maiores do que os municípios teriam direito, por meio do superfaturamento de obras em algumas cidades, para que o lucro fosse revertido para o núcleo comandado pelo Pastor Everaldo.
De acordo com delação de Torres, o grupo participou de reuniões sobre os repasses com as prefeituras de Petrópolis, São João de Meriti, Paracambi e Itaboraí. As gestões de Magé, Saquarema e São Gonçalo também teriam recebido os fundos e teriam retornado uma quantia indevidamente.
"Houve também ajustes de pagamento de vantagem indevida, devendo o gestor do município agraciado com a verba devolver parte do valor para o grupo que o direcionou. Em Petrópolis, São João de Meriti, Paracambi e Itaboraí houve o ajuste de retorno de valores de 10% para o grupo. Além destes municípios, também foram recolhidos valores nas cidades de Magé, Saquarema e São Gonçalo", disse Torres em sua delação, segundo publicado no jornal O Globo.
Witzel também teria indicado município
O ex-secretário de Saúde Edmar Santos, em sua delação premiada, confirmou o esquema. Segundo ele, além do Fundo Estadual de Saúde, que só pode ser transferido após realização de obra ou compra feita pelos municípios, foi criada outra fonte de financiamento para o esquema.
Santos e sua equipe teriam então planejado criar o Finansus, com um orçamento de R$ 2 bilhões, fundo por meio do qual os repasses poderiam ser feitos para custear gastos futuros. Santos denunciou ainda que Witzel indicou um município para receber o Fundo Estadual de Saúde: Duque de Caxias.
Na última quinta-feira (17), a Comissão Especial de Impeachment da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) votou pelo prosseguimento do processo de impeachment do governador Wilson Witzel.