Nesta semana, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) autorizou, por 69 votos a zero, que o processo de impeachment prossiga. O caso será, agora, julgado por um tribunal misto formado por cinco deputados estaduais eleitos pela Alerj e cinco desembargadores escolhidos por sorteio. Caso sete membros deste tribunal misto, que tem até 180 dias para ser concluído, decidam que a denúncia contra o governador procede, ele será retirado de maneira definitiva do cargo.
Witzel foi afastado, inicialmente, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção na área da Saúde. De acordo com o MPF, o escritório da primeira-dama Helena Witzel era usado para receber dinheiro de propina.
Reportagem do Blog do Berta revelou que o estado do Rio de Janeiro investiu R$ 835 milhões para montar hospitais de campanha contra a COVID-19 sem transparência ou processo seletivo.
Para o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, a situação de Witzel é "muito delicada" e ele ainda poderá ser inocentado, mas um eventual afastamento pode manchar e "encerrar" sua breve carreira política. Eleito ao adotar bandeiras bolsonaristas na eleição de 2018, Witzel deixou a magistratura para estrear no mundo da política.
"No curto prazo, ele provavelmente vai ter esse processo de impeachment deferido pela Assembleia Legislativa estadual e, vamos dizer assim, no médio e longo prazo ele, certamente, vai enfrentar muitas dificuldades em uma tentativa de retorno para o mundo da política", diz Ismael à Sputnik Brasil.
O cientista político destaca que o governador afastado cometeu um "erro" ao se anunciar como presidenciável e deveria ser mais "humilde". Para amigos, Witzel nunca negou suas pretensões de ocupar o Palácio do Planalto. O jornal O Globo publicou que Witzel compartilhava no WhatsApp uma montagem sua com a faixa presidencial.
"É necessário que o governador procure, vamos dizer assim, ser mais humilde no sentido de que ele ainda estava aprendendo a governar, ele ainda estava tentando ganhar experiência administrativa, portanto ele deveria ter se concentrado nos problemas principais do estado, que são muitos", diz.
Ismael destaca que, se confirmado, o impeachment após assumir seu primeiro cargo político pode representar um "desfecho melancólico" para Witzel.