Os cientistas encontraram um dos fatores-chave que determina o sucesso do coronavírus no organismo humano. Um déficit de interferons, uma proteína que evita a replicação de fungos, vírus e bactérias, faz com que o organismo não reaja a tempo à infecção.
A resposta tardia que o corpo humano às vezes dá a uma infecção pelo coronavírus pode ser o principal "truque" que o vírus usa para se multiplicar no corpo.
"Parece que este vírus tem um grande truque. Esse grande truque é evitar a resposta imune inata inicial por um período significativo de tempo e, em particular, evitar uma resposta interferon tipo 1 precoce", explicou o virologista norte-americano Shane Crotty à agência Bloomberg.
Os interferons são proteínas sinalizadoras que são segregadas pelo organismo em resposta à presença de patógenos como o coronavírus.
Após observar vários casos muito graves de COVID-19 em pacientes jovens que acabaram em unidades de terapia intensiva, ou mesmo em morte por complicações, os cientistas concentraram seus esforços em analisar a falta de interferons como uma causa possível. Esta hipótese foi reforçada por dois novos estudos na revista Science, que indicam que até 14% dos pacientes críticos sofrem diferentes formas de disfunção de interferons.
Segundo as pesquisas, há uma solução possível para a falta natural de interferons: o uso de versões sintéticas destas proteínas. Esta tem sido uma alternativa eficaz na luta contra diferentes doenças, e a COVID-19 pode também ser uma delas.
Alexander Hoischen, o chefe do grupo de tecnologias genômicas e imunogenômicas do Centro Médico da Universidade de Radboud em Nijmegen, Países Baixos, acredita que o uso de interferon ajudará a combater a COVID-19 particularmente nos estágios iniciais da doença. Em outros casos, frisou, o rumo da infecção e da recuperação do paciente dependem do tempo.