A denúncia do MP-RJ ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro contra Flávio Bolsonaro e o subtenente da Polícia Militar e ex-assessor do senador, Fabrício Queiroz, vem após mais de dois anos de investigações.
Conforme publicou o jornal O Globo, a investigação de cerca de 300 páginas concluiu que Flávio agiu como líder de uma organização criminosa com a ajuda de Queiroz, que operou o esquema de corrupção do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Os dois foram acusados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os dados obtidos pelos investigadores apontam que o senador da família Bolsonaro utilizou ao menos R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo no esquema de rachadinhas que liderava na ALERJ, sendo que o valor foi observado a partir de pelo menos três métodos de lavagem de dinheiro.
As investigações tiveram início em 2018 após um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentações suspeitas nas contas de Fabrício Queiroz, que segue preso no Rio de Janeiro desde junho, depois de ser encontrado na casa do advogado de Flávio, Frederick Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.
Após quebra de sigilo bancário e fiscal de 106 pessoas, o MP-RJ obteve provas das rachadinhas, esquema no qual 23 assessores de Flávio devolviam a maior parte de seus salários a Queiroz, que organizava a coleta e distribuição dos valores. Alguns dos assessores eram "funcionários fantasmas". Entre os ex-assessores estão parentes de milicianos, parentes da ex-esposa de Jair Bolsonaro, além de familiares, vizinhos e amigos de Queiroz.
A investigação aponta que o dinheiro era lavado e repassado ao filho do presidente Jair Bolsonaro por meio de transações imobiliárias, pela loja de chocolates do senador e também pelo pagamento de despesas pessoais de Flávio com dinheiro vivo.
O esquema teria funcionado por pelo menos 11 anos e envolve, além dos assessores, o sócio de Flávio na loja de chocolates, Alexandre Santini, o empresário imobiliário Glenn Dillard e o policial militar Diego Ambrósio, dono de uma empresa de vigilância.