Superando países como Japão, França, Alemanha e Canadá, o Brasil contou com seis estudantes representando o país na IMO. Todos ganharam medalhas na competição, sendo um ouro e cinco pratas. A Sputnik Brasil conversou com especialistas sobre a perspectiva desses jovens para trabalhar com pesquisa em território brasileiro.
O professor do Instituto de Matemática e Estatística da UERJ, Guilherme Caldas de Castro, declarou que o mais importante para estimular jovens cérebros a utilizar o seu talento no Brasil é o apoio e investimento em pesquisas do país.
"Infelizmente nós temos visto uma redução das verbas destinadas à pesquisa, o que acaba limitando muito o espaço para que estes jovens talentos possam se desenvolver no Brasil, o que acaba levando alguns a buscarem alternativas fora do país", afirmou.
Guilherme Caldas observou, no entanto, que ainda existem algumas alternativas muito interessantes, inclusive com instituições de fomento que podem ajudar a manter estes jovens talentos no país.
Ao comentar os efeitos da crise econômica que atingiu o Brasil a partir de 2015, acentuada pelos efeitos da COVID-19, o matemático afirmou que os estímulos para que os jovens cérebros permaneçam estudando e trabalhando no Brasil reduziram muito.
"Basta vermos o que recentemente aconteceu com a COPPE [Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ] desmontando a sua linha de pesquisa do trem de levitação magnética. Então quando você vê iniciativas de ponta, pioneiras no Brasil, minguando por falta de recursos, realmente nós não temos hoje estímulos suficientes e temos que buscar alternativas para tentar manter estes cérebros no Brasil", destacou.
Já o coordenador da Olimpíada Brasileira de Matemática e pesquisador do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), Carlos Gustavo Moreira, disse à Sputnik Brasil que o país tem uma área de pesquisa em bem consolidada no setor, que é um "ótimo ambiente para acolher os jovens ex-olímpicos que queiram seguir carreira em matemática, se tornarem pesquisadores em matemática, entre outras áreas científicas".
"Mas tudo isso está sob risco atualmente, porque o financiamento para a ciência e tecnologia, para as universidades e os concursos, tem sido reduzido dramaticamente pelos últimos governos, pelo menos desde 2016. E atualmente é difícil dizer que há um futuro garantido para estes jovens", afirmou.
O pesquisador destacou que o "governo basicamente cortou todos os concursos das universidades federais".
"Ou seja, as pessoas se formam, o país investe nelas, elas terminam a graduação, o mestrado, doutorado, não conseguem emprego, e elas podem ser forçadas a trabalhar no exterior por causa do descaso do governo", completou.