"O desenvolvimento da situação é muito preocupante [...] Parece ser uma bagunça e um caos", disse Peskov aos jornalistas.
O porta-voz lembrou que o Quirguistão tem boas relações com a Rússia e, por isso, "tudo o que acontece ali é importante" para Moscou. Além disso, Peskov acrescentou que espera que a situação no país centro-asiático se normalize logo.
"Esperamos que, entre outras coisas, os esforços do presidente interino do Conselho de Segurança [do Quirguistão] e do presidente do Comitê Estatal de Segurança Nacional [Omurbek Suvanaliev] ajudem a estabilizar a situação de alguma maneira", afirmou.
Peskov assinalou que chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) da Rússia, Aleksandr Bortnikov, abordou a crise no país centro-asiático durante uma conversa telefônica com Suvanaliev.
"A Rússia apoiou as ações do Comitê Estatal de Segurança Nacional para estabilizar a situação na república, a fim de evitar uma escalada rumo ao caos", disse o porta-voz.
Entenda a crise política no Quirguistão
No último domingo (4), o Quirguistão realizou eleições legislativas cujos resultados preliminares apontaram a vitória dos partidos governistas Birimdik e Mekenim Quirguistão.
No dia seguinte (5), milhares de apoiadores da oposição, cujos partidos foram incapazes de superar 7% dos votos, o mínimo exigido para entrar no Parlamento, lotaram as ruas para denunciar irregularidades e exigir a repetição do pleito.
Os protestos derivaram em enfrentamentos com as forças de segurança e a ocupação de vários edifícios públicos, entre eles as sedes do Parlamento, do governo e da prefeitura da capital Bishkek. Os manifestantes também conseguiram libertar vários políticos que estavam presos, entre eles o ex-presidente Almazbek Atambaev. Segundo o Ministério da Saúde quirguiz, pelo menos uma pessoa morreu e mais de mil ficaram feridas nos distúrbios.
O presidente de Quirguistão, Sooronbai Zheenbekov, denunciou uma tentativa de tomada violenta do poder e pediu o fim dos distúrbios, mas também solicitou que a autoridade eleitoral investigasse as denúncias de irregularidades, o que resultou na anulação dos resultados oficiais.
A oposição, por sua vez, criou um conselho de coordenação e postulou para o cargo de primeiro-ministro Sadyr Zhaparov, que estava entre o grupo de políticos libertados da prisão e teve seu nome ratificado na última terça-feira (6), em uma sessão extraordinária do Parlamento.
Vários líderes da oposição, no entanto, rechaçaram a postulação de Zhaparov e anunciaram a criação de um conselho alternativo. Além disso, exigiram a renúncia do presidente do país e a dissolução do Parlamento.