Cientistas norte-americanos criaram o primeiro material elétrico supercondutor à temperatura ambiente de 14 ºC, através da compressão de sólidos moleculares simples com hidrogênio, de acordo com um comunicado de imprensa da Universidade de Rochester, EUA.
A supercondutividade permite a certos materiais sob condições específicas conduzir corrente elétrica sem resistência ou perda de energia.
A equipe de Ranga Dias, professor assistente de engenharia mecânica, física e astronomia, combinou hidrogênio com carbono e enxofre para sintetizar fotoquimicamente o hidreto de enxofre carbônico em uma célula de bigorna de diamante, um dispositivo de pesquisa usado para examinar quantidades minúsculas de materiais a pressões extraordinariamente altas.
O hidreto de enxofre resultante demonstrou supercondutividade a cerca de 14 ºC, batendo a supercondutividade de -23 ºC a -13 ºC, registrada em 2019, e uma pressão de cerca de 6,83 bilhões de newtons por metro, segundo o estudo publicado na revista Nature. Em comparação, a pressão atmosférica da Terra ao nível do mar é de cerca de 2.727 newtons por metro.
Na opinião de Dias, a criação de materiais supercondutores, sem resistência elétrica e expulsão do campo magnético à temperatura ambiente, representa um "Santo Graal" para a física de matéria condensada, procurado desde 1911, afirmando que tais materiais "podem definitivamente mudar o mundo como o conhecemos".
"Você nunca mais vai precisar de coisas como baterias", diz Ashkan Salamat, da Universidade de Nevada, Las Vegas, EUA, coautor da descoberta.
A propriedade supercondutora já é usada em trens maglev (de levitação magnética), máquinas de ressonância magnética e de ressonância magnética nuclear, aceleradores de partículas e outras tecnologias avançadas, incluindo os primeiros supercomputadores quânticos.
"Devido aos limites da baixa temperatura, materiais com propriedades tão extraordinárias não transformaram o mundo da maneira que muitos haviam imaginado. No entanto, nossa descoberta quebrará essas barreiras e abrirá as portas para muitas aplicações potenciais", relatou Ranga Dias.
Os benefícios previstos por este avanço incluem:
- Redes de energia que transmitem eletricidade sem perda de até 200 milhões de megawatts/hora da energia que agora ocorre devido à resistência nos fios;
- Uma nova maneira de impulsionar trens de levitação magnética e outras formas de transporte;
- Técnicas de visualização e varredura médicas, tais como imagem por ressonância magnética e magnetocardiografia;
- Eletrônica mais rápida e eficiente para lógica digital e tecnologia de dispositivos de memória.
O próximo desafio, segundo Dias, é criar estes materiais com temperaturas semelhantes, mas com pressões inferiores, o que permitiria tornar econômico produzi-los em grandes quantidades.