Um mês após a descoberta da fosfina nas nuvens de Vênus, novas pesquisas conduzidas por uma equipe de cientistas e publicadas no portal de pré-impressão arXiv permitiram encontrar glicina na atmosfera deste planeta.
A glicina, uma das primeiras moléculas orgânicas a surgir na Terra, não só tem um papel fundamental em dar vida, mas também é um elemento que se encontra mais frequentemente nas proteínas animais, o que pode ser um elo que permitiria comprovar a existência de vida no planeta mais quente do Sistema Solar.
"Sua detecção na atmosfera de Vênus pode ser uma das chaves para compreender os mecanismos de formação de moléculas prebióticas na atmosfera de Vênus. A atmosfera superior de Vênus pode estar passando quase pelo mesmo método biológico que a Terra bilhões de anos atrás", escreveu a equipe dirigida por Arijit Manna, pesquisador do Departamento de Física da Faculdade Midnapore em Bengala Ocidental, Índia.
Além disso, os pesquisadores encontraram a glicina em alturas semelhantes às da fosfina, apoiando a possibilidade de a vida se sustentar no ar do planeta. Os cientistas, que usaram o radiotelescópio ALMA, localizado no Chile, não notaram concentrações diferentes de glicina de dia e de noite.
Embora esta descoberta, que deve ser publicada na revista Science, levante a suspeita de que a vida existe em Vênus, ainda não é uma evidência firme que possa provar a teoria, advertem os autores do estudo.
Na Terra, a glicina é produzida em processos biológicos, mas é provável que em Vênus ela seja formada por outras reações fotoquímicas e geoquímicas que não são comuns na Terra.