A sabatina, cuja sessão começou às 08h13, é uma das etapas obrigatórias para que Marques, desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), possa assumir a vaga no STF aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello na semana passada.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, atribui a indicação de Kassio Nunes Marques ao fato de que Bolsonaro passou a articular politicamente com o Congresso.
"Do ponto de vista político representa que Bolsonaro começou a fazer política. Há uma diferença substancial entre o discurso de campanha, o discurso que o Bolsonaro continuou fazendo depois de eleito como se estivesse em campanha e o momento em que o presidente se dá conta de que precisa governar", disse.
"O presidente tem entendido que para se manter no cargo ele precisa essencialmente do apoio do Centrão, precisa fazer política, o Kassio é uma expressão desse momento do bolsonarismo buscando o diálogo e a construção de alianças políticas e de uma certa governabilidade", afirmou.
Rodrigo Prando destacou, inclusive, o fato de que setores ligados à chamada "ala ideológica" do governo terem criticado o presidente pela escolha de Kassio.
"A base de apoio mais ideológica dele, como Olavo de Carvalho, como uma parte de evangélicos, essa base mais ideológica é boa para mobilização da rede de apoio do presidente, mas não é a base ideológica que permite governar. Para governar necessita-se de pragmatismo e diálogo", lembrou.
Além de passar pela sabatina, Kassio Marques precisa ter o nome aprovado pelo plenário do Senado, com o apoio da maioria absoluta (metade mais um) dos senadores. A expectativa é de a votação ocorrer ainda nesta quarta-feira (21).
Kassio Nunes Marques tem 48 anos e desde 2011 atua no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), com sede em Brasília. Foi escolhido para o tribunal pela então presidente Dilma Rousseff e ingressou na Corte na cota de vagas para profissionais oriundos da advocacia.