Segundo o testemunho de um fotógrafo da agência de notícias AFP, os manifestantes montaram barricadas com caçambas de lixo, pedras e pneus queimados ao longo das ruas, enquanto outros queimavam a bandeira nacional.
Uma delegacia de polícia também foi incendiada em um bairro na periferia de Luanda, informou uma fonte policial à AFP.
A fonte, que pediu o anonimato, disse à agência que a manifestação, que exigia a realização de eleições locais, "resultou em barricadas e atos de vandalismo".
Linha de anti-motins furada com sucesso#Manif24out pic.twitter.com/Bbfnnzzttm
— Luaty Beirão (@LuatyBeirao) October 24, 2020
As eleições municipais estavam agendadas para ocorrer este ano, mas acabaram adiadas devido à pandemia de coronavírus.
"Foi um grande tumulto, uma flagrante violação [das restrições impostas pela pandemia], que não permitem a aglomeração de mais de cinco pessoas" disse a fonte, que acrescentou que "as pessoas devem ouvir a voz daqueles que governam".
As novas medidas restritivas começaram na noite de ontem (23) e foram anunciadas pelo governo em uma tentativa de limitar a expansão da COVID-19 no país, que viu um aumento de 30% nos casos nas últimas duas semanas.
A fonte policial também comentou que alguns de seus colegas foram atacados e feridos durante os protestos.
Nas últimos dias vários países africanos têm sido palco de manifestações, q exigem uma sociedade e um futuro melhor.
— Sérgio Bantu (@SerAfrikano) October 24, 2020
O movimento chegou à Luanda, jovens saíram a rua pra protestarem contra condições de vida degradantes e custo de vida elevado.#manif24#Luanda pic.twitter.com/dJXcj4Qsf9
Os protestos foram convocados por grupos da sociedade civil que, além de exigir a realização de eleições, também demandavam a geração de empregos e melhores condições de vida.
O partido opositor Unita, que apoiou os protestos, denunciou que seu secretário provincial em Luanda, Manuel Ekuikui, foi atacado pela polícia.
"O comportamento mostrado pelo regime mostra claramente que Angola é um Estado que não é democrático nem de direito" disse o porta-voz da Unita, Marcial Dachala, à AFP.
Dachala acrescentou que o ato de demandar uma data para as eleições, uma melhora nas condições de vida e o combate à corrupção "jamais deveria ser respondido com balas e gás lacrimogênio".