A China introduziu na segunda-feira (26) normas regulamentares mais rígidas a uma lista de veículos de imprensa dos EUA em um passo "necessário e recíproco", revela o jornal Global Times.
Os veículos de imprensa norte-americanos afetados pelas novas regras são a emissora American Broadcasting Corporation (ABC, na sigla em inglês), a Bloomberg Industry Group, afiliada da empresa Bloomberg L.P, a agência Feature Story News, a rede de rádio Minnesota Public Radio, e os jornais Los Angeles Times e Newsweek.
Em um comunicado na segunda-feira (26), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, descreveu as medidas como "legítima e justificada autodefesa em todos os sentidos", em resposta à política em curso nos EUA.
"O que os Estados Unidos têm feito é visar exclusivamente as organizações de mídia chinesa movidos pela mentalidade da Guerra Fria e pela base ideológica", acrescentou.
Assim, os veículos de imprensa norte-americanos mirados por Pequim serão obrigados a informar o governo da China sobre seu pessoal, finanças e bens imobiliários.
Trabalho da mídia dificultado
Pequim e Washington vêm introduzindo restrições mútuas na mídia em meio a uma retórica cada vez mais hostil da Casa Branca.
Na semana passada, os EUA designaram outros seis veículos de imprensa chineses como veículos de propaganda do Estado e "missões estrangeiras". A revista Beijing Review, a editora Social Sciences in China Press, e os jornais Economic Daily, Jiefang Daily, Xinmin Evening News e Yicai Global foram todos atingidos pelas novas regras, elevando o número de veículos de imprensa chineses listados como agentes estrangeiros para 15 neste ano.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, alegou que a medida tinha como objetivo rechaçar os alegados "esforços de propaganda do Partido Comunista da China no poder".
"Eles [veículos de imprensa] também pertencem substancialmente ou são efetivamente controlados por um governo estrangeiro", disse.
"Não estamos colocando nenhuma restrição ao que esses veículos podem publicar nos Estados Unidos; queremos simplesmente garantir que o povo americano, consumidores de informação, possam diferenciar entre notícias escritas por uma imprensa livre e propaganda distribuída pelo próprio Partido Comunista chinês. Não é a mesma coisa."
Além disso, Washington limitou de 160 para 100 o número de jornalistas que podem trabalhar nos escritórios norte-americanos da imprensa chinesa.
A designação como uma missão estrangeira exige que cada mídia informe ao Departamento de Estado norte-americano sobre sua equipe e as transações imobiliárias de sua sede nos EUA.
O Departamento de Estado também impôs regras a nove veículos de imprensa, que incluem a agência de notícias Xinhua e o grupo de mídia Rede Global de Televisão da China (CGTN, na sigla em inglês).
Resposta da China
O editor-chefe do jornal chinês Global Times, de língua inglesa, disse em um tweet que Washington foi "longe demais".
The US has gone too far. The move will further poison working environment of media outlets in each other’s country. As long as Chinese media outlets suffer actual harm, Beijing will definitely retaliate, and US media outlets' operation in HK could be included in retaliation list. pic.twitter.com/xTSDyRHpx6
— Hu Xijin 胡锡进 (@HuXijin_GT) October 21, 2020
Os Estados Unidos foram longe demais. Isso envenenará ainda mais o ambiente de trabalho da mídia no país um do outro. Enquanto as mídias chinesas sofrerem danos reais, Pequim certamente retaliará, e a operação da mídia americana em Hong Kong poderá ser incluída na lista de retaliação.
A China denunciou as restrições e expulsou cidadãos norte-americanos que trabalham para grandes organizações de mídia estrangeiras, incluindo os jornais The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post.
Em setembro, o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China anunciou que Pequim não renovaria mais as credenciais de imprensa para os trabalhadores da mídia dos EUA que trabalham no país, em resposta a uma decisão da Casa Branca em maio, que limitou a validade dos vistos para jornalistas chineses nos Estados Unidos a 90 dias.