'França é um país muçulmano', diz embaixador francês na Suécia

© REUTERS / Eric Gaillard"Morto pela liberdade de ensinar", escrito à esquerda da fotografia do professor francês assassinado, colocada entre velas em tributo nacional
Morto pela liberdade de ensinar, escrito à esquerda da fotografia do professor francês assassinado, colocada entre velas em tributo nacional - Sputnik Brasil
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O terrível assassinato do professor francês Samuel Paty, que mostrou caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão, abalou a França, gerando inúmeros protestos.

Enquanto as palavras do presidente Emmanuel Macron em relação ao islã geraram um conflito diplomático com a Turquia, o embaixador francês na Suécia, Etienne de Gonneville, rejeitou firmemente a ideia de existência do risco de conflito entre a França e o mundo muçulmano.

Na verdade, Gonneville foi mais longe ao classificar a própria França como um país muçulmano, em uma entrevista no domingo (15) à emissora nacional sueca SVT.

Afirmação inédita

"Em primeiro lugar, a França é um país muçulmano", declarou Etienne de Gonneville. "O islã é a segunda maior religião da França. Temos algo entre quatro e oito milhões de cidadãos franceses com raízes muçulmanas", destacou. O embaixador enfatizou ainda que é a "propaganda da Al-Qaeda" (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) que tem levado os muçulmanos a cometer atos terroristas, e não o islã como tal.

Quando o entrevistador Anders Holmberg sugeriu que até mesmo os muçulmanos não radicais ficam ofendidos com imagens satíricas do profeta Maomé, o embaixador francês respondeu que essa é uma "questão complexa e moralmente ambígua".

De acordo com o embaixador, o tema principal da discussão é o terrorismo e não o islamismo, e enfatizar o contrário seria errado.
© REUTERS / Charles PlatiauIman da mesquita de Drancy, em Paris, conduz oração em homenagem ao professor Samuel Paty
'França é um país muçulmano', diz embaixador francês na Suécia - Sputnik Brasil
Iman da mesquita de Drancy, em Paris, conduz oração em homenagem ao professor Samuel Paty

"A mídia deve saber como abordar a questão do terrorismo islâmico, e não cair na armadilha da ideia de que isso supostamente ofenderia o islã. O islã é muito diversificado. Os que ouvimos agora estão falando em nome desses grupos [islâmicos] radicais. Não devemos dar-lhes mais peso do que têm. São uma pequena minoria", afirmou o embaixador.

Macron age, o mundo árabe reage

O professor de história Samuel Paty foi decapitado em um subúrbio de Paris por um homem de 18 anos de ascendência chechena, por mostrar algumas imagens satíricas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão e liberdade de consciência.

O autor do crime foi baleado mortalmente por policiais no mesmo dia. Uma investigação sobre o homicídio está agora em curso.

O presidente Macron declarou imediatamente o que pensava, chamando o incidente cruel de "ataque terrorista" e incumbindo seu governo de tomar medidas para erradicar a ameaça islâmica e aumentar a segurança.

No entanto, enquanto a França se mantém firme, exibindo as caricaturas nas cidades de Toulouse e Montpellier, com total apoio do presidente, os apelos ao boicote a produtos franceses se espalham pelo mundo muçulmano.

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