O governo espanhol violou a Convenção de Viena ao facilitar a fuga para Madri do opositor venezuelano Leopoldo López, que estava na embaixada da Espanha em Caracas desde 30 de abril de 2019, disse à Sputnik o congressista venezuelano Julio García Zerpa.
"O que a embaixada espanhola fez é uma violação da Convenção de Viena. No caso de uma pessoa refugiada política poder deixar o país, isto deve ser feito em coordenação com o país", disse Zerpa.
O presidente da Comissão de Justiça da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela (ANC, na sigla em espanhol) lembrou que López não era um requerente de asilo naquela embaixada.
"É rude o que eles acabam de fazer, é mais uma maneira de violar tratados internacionais, de como enganar um país que o que ele fez foi respeitar e tentar melhorar as relações", disse ele.
Na manhã de domingo (25) soube-se que o líder político da oposição havia escapado e chegado à Espanha no mesmo dia.
Nesse sentido, García Zerpa disse que em várias ocasiões houve avisos sobre uma possível fuga de López, mas que foi "negada e banalizada pela Embaixada do Reino da Espanha em Caracas".
Em 30 de abril de 2019, López escapou de sua casa, onde estava cumprindo pena de prisão domiciliar, apoiado por um grupo de soldados contra o presidente Nicolás Maduro.
A partir daquele momento, o oponente do chefe de Estado da Venezuela permaneceu na residência do embaixador espanhol em Caracas.
O congressista venezuelano considerou López responsável pelas sanções que os Estados Unidos impuseram à Venezuela, afirmando que o partido político Vontade Popular, que ele lidera, as solicitou e promoveu.
"Eles fazem tentativas diárias quando promovem e pedem sanções ao governo dos Estados Unidos, não precisavam estar fora do país para fazê-lo, certamente agora terão mais liberdade para falar e ir ao redor do mundo conspirando contra o bem de nosso país", afirmou Zerpa.
García Zerpa crê que a oposição venezuelana está sem cabeça e sem liderança para enfrentar as eleições parlamentares de 6 de dezembro.
"Hoje em dia, a oposição desapareceu, nós que estamos fazendo campanha, realizando assembleias todos os dias, mas não há liderança dentro da oposição que reúna essa força", comentou.
O parlamentar também descartou que a fuga de López possa ter algum impacto sobre as próximas eleições.
"Acredito que o país avançará e os adversários acabarão partindo, e nós que estamos aqui devemos nacionalizar o conflito, abrir as portas para que do Parlamento sejam obtidos os acordos que permitam abrir novos cenários para o investimento do país", apontou Zerpa.
Saída da Venezuela
López foi condenado a quase 14 anos de prisão na Venezuela, acusado de participar de um plano de golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro, conhecido como A Saída, e pela morte de 43 pessoas durante os protestos de 2014.
O governo venezuelano anunciou no domingo (25) que cumprirá com sua obrigação constitucional de realizar as investigações necessárias para estabelecer as responsabilidades e sanções correspondentes aos crimes cometidos, de acordo com as leis nacionais e internacionais e a garantia do devido processo.