O SARS-CoV-2 imita proteínas imunológicas humanas que foram comprometidas em casos graves de COVID-19, concluiu um estudo de pesquisadores da Universidade de Columbia, EUA. Os resultados foram publicados na revista científica Cell Systems.
"Os vírus usam mimetismo pela mesma razão que plantas e animais, [para] enganar", sentencia Sagi Shapira, coautor do estudo, em comunicado reproduzido pelo portal Phys.org.
Processo de imitação
No estudo, a equipe de cientistas usou supercomputadores para pesquisar mímicos virais. Mais de sete mil vírus foram analisados, assim como mais de quatro mil hospedeiros nos ecossistemas da Terra. A equipe encontrou seis milhões de ocorrências de mimetismo viral.
"Mimetismo é uma estratégia mais difundida entre os vírus do que jamais imaginamos […] É usado por todos os tipos de vírus, independentemente do tamanho do genoma viral, como o vírus se replica ou se o vírus infecta bactérias, plantas, insetos ou pessoas", afirma Shapira.
Reis da imitação
Alguns tipos de vírus usam mais o mimetismo do que outros, garantem os cientistas, e os coronavírus são particularmente bons nisso. Mais de 150 proteínas, incluindo muitas que controlam a coagulação do sangue ou são proteínas imunológicas, que ajudam a direcionar os patógenos para destruição e aumentar a inflamação no corpo, foram mimetizadas pelos coronavírus.
"Pensamos que, ao imitar o complemento imunológico do corpo e as proteínas de coagulação, os coronavírus podem levar esses sistemas a um estado hiperativo e causar a patologia que vemos em pacientes infectados", elabora Shapira.
"Os vírus já descobriram como explorar seus hospedeiros […] Ao estudar os vírus, podemos não apenas revelar os princípios fundamentais da biologia, mas também como eles perturbam a homeostase celular e causam patologias. A esperança é que um dia possamos usar esse conhecimento para contra-atacar", conclui o cientista.