O homem que comandou a Malásia por 22 anos escreveu nesta quinta-feira (29) em uma rede social que é justificado matar franceses. A longa sequência de tuítes do ex-líder malaio Mahathir Mohamad (governou entre 1981 e 2003) se segue a mais um capítulo da escalada de tensões entre a França e a comunidade muçulmana desde que, em setembro, o jornal satírico Charlie Hebdo republicou charges que em 7 de janeiro de 2015 levaram a um atentado terrorista em Paris que matou 12 funcionários do jornal.
Mais cedo hoje (29), na cidade francesa de Nice, um homem matou a facadas três pessoas dentro da Basílica de Notre-Dame. O governo francês classificou o crime como "ato terrorista islâmico".
Desde a republicação das charges, quatro pessoas morreram e três ficaram feridas. Em outro episódio dramático, um professor de História foi decapitado por um extremista checheno nos subúrbios de Paris. Ele se chamava Samuel Paty e no dia 16 de outubro deu aula sobre liberdade de expressão e nela mostrou aos alunos charges do profeta Maomé. O assassino foi morto pela polícia.
Na sequência do atentado em Nice, o ex-primeiro-ministro veio ao Twitter defender o ponto de vista islâmico. Embora tenha escrito que em geral os muçulmanos não aplicam a lei do "olho por olho", Mohamad viu espaço para reações como as destas últimas semanas. Inclusive, o boicote a produtos franceses.
13. Since you have blamed all Muslims and the Muslims’ religion for what was done by one angry person, the Muslims have a right to punish the French. The boycott cannot compensate the wrongs committed by the French all these years.https://t.co/ysZeXDrQ09
— Dr Mahathir Mohamad (@chedetofficial) October 29, 2020
A partir do momento em que vocês culpam todos os muçulmanos e o islamismo pelo que uma pessoa com raiva fez, então os muçulmanos têm o direito de punir os franceses. O boicote não vai compensar os erros cometidos pelo franceses em todos estes anos.
A seguir, Mohamad foi mais além. Ele tuitou que "muçulmanos têm o direito de ficar com raiva e matar milhões de franceses pelos massacres do passado". O ex-político também criticou o presidente francês Emmanuel Macron, que após a morte do professor Paty tinha defendido "a liberdade de blasfemar".
11. Macron is not showing that he is civilized. He is very primitive in blaming the religion of Islam and Muslims for the killing of the insulting school teacher. It is not in keeping with the teachings of Islam.
— Dr Mahathir Mohamad (@chedetofficial) October 29, 2020
Macron não está mostrando que é civilizado. Ele é muito primitivo ao culpar o islamismo e os muçulmanos pela morte do professor insultuoso. Isso não está de acordo com os ensinamentos do islamismo.
Localizada no sudeste asiático, a Malásia tem 35 milhões de habitantes, sendo 61% deles muçulmanos. O islamismo é considerado a religião oficial do país.