Após rejeitar inicialmente os submarinos movidos a energia nuclear da OTAN, o conselho municipal de Tromso, a maior cidade da Noruega além do círculo polar, deu uma reviravolta surpreendente, apesar dos protestos populares.
A decisão foi tomada por uma grande maioria de 32 a 11 votos, informou a emissora norueguesa NRK. O conselho municipal expressou preocupação sobre o cumprimento das obrigações da Noruega como membro da OTAN, e se comprometeu a facilitar a presença da Aliança Atlântica no Ártico em geral, e no município em particular.
A Noruega e os EUA têm negociado ao longo dos anos para permitir que os submarinos norte-americanos atraquem no porto de Tonsnes em Tromso, devido à sua localização estratégica. O porto também permite a troca da tripulação, a aquisição de equipamentos e realização de manutenção.
Tromso tinha uma instalação assim na forma da base Olavsvern da OTAN, mas foi fechada em 2009 e vendida a investidores privados, deixando o porto municipal de Tonsnes como a única opção.
Segundo disse o Ministério dos Transportes norueguês, o porto é municipal e se enquadra na obrigação de aceitar todos os tipos de navios de guerra.
Com mais de 76.000 habitantes, Tromso é a maior área urbana no norte da Noruega e a terceira maior ao norte do Círculo Polar Ártico em qualquer parte do mundo, atrás apenas de Murmansk e Norilsk, ambas na Rússia.
Oposição à iniciativa
Manifestantes se reuniram fora da prefeitura de Tromso para protestar a implantação dos submarinos, mas foi em vão.
"Não queremos submarinos aqui, cheios de coisas das quais não temos ideia. Na pior das hipóteses, isso poderia nos levar a termos uma Chernobyl nossa", disse Guri Helene Hansen, uma mulher local, à NRK, recordando o desastre de 1986 na usina elétrica ucraniana.
"Acho que é uma zombaria e uma traição da população. É uma terrível e grande derrota para todo o norte da Noruega", lamentou, expressando sua preocupação com possíveis acidentes.
Estes temores também foram compartilhados anteriormente pelo Greenpeace Noruega.
"Permitir submarinos movidos a energia nuclear em portos e águas norueguesas é como jogar roleta russa com as pessoas e a natureza. Ou o mais apropriado neste caso: a roleta da OTAN. Isto se trata de o governo e o Parlamento não se oporem aos EUA", disse o líder do Greenpeace Noruega, Frode Pleym, no início deste ano.