Vaticano diz que declarações do Papa sobre união civil de homossexuais foram tiradas de contexto

© AP Photo / L´Osservatore RomanoPapa Francisco é visto no Palácio Apostólico no Vaticano, onde, em reunião formal com os cardeais, foi feita a escolha da data exata para um ofício religioso de canonização de novos santos, em 20 de abril de 2017
Papa Francisco é visto no Palácio Apostólico no Vaticano, onde, em reunião formal com os cardeais, foi feita a escolha da data exata para um ofício religioso de canonização de novos santos, em 20 de abril de 2017 - Sputnik Brasil
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Documentário sobre Francisco emendou falas de antiga entrevista, diz Secretaria de Estado, mas nota confirma que casais gays têm direito à proteção legal.

Em informação divulgada nesta segunda-feira (2) sobre nota oficial enviada semana passada para seus embaixadores, o Vaticano disse que os comentários do Papa Francisco sobre as uniões civis gays foram tirados do contexto em um documentário que emendou partes de uma entrevista antiga, informou a agência Reuters. Ainda assim, a Secretaria de Estado confirmou a crença de Francisco de que os casais gays devem gozar de proteções legais.

A Santa Sé emitiu orientações aos seus representantes diplomáticos para explicar o tumulto que os comentários de Francisco criaram após a estreia do filme "Francesco", em 21 de outubro, no Festival de Cinema de Roma. O núncio do Vaticano no México, Arcebispo Franco Coppola, publicou a orientação não assinada em sua página do Facebook no domingo (1º).

Nela, o Vaticano confirmou que Francisco, argentino de nascimento, estava se referindo à sua posição em 2010 quando foi arcebispo de Buenos Aires e se opôs fortemente às medidas para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em vez disso, ele preferiu estender as proteções legais aos casais gays sob o que é entendido na Argentina como uma lei de união civil.

Liberais x conservadores

Os comentários do papa, tal como exibidos no filme, suscitaram elogios por parte dos liberais, mas teriam criado a necessidade de esclarecimentos urgentes por parte dos conservadores. A nota foi relatada pela primeira vez pelo biógrafo papal Austen Ivereigh. Uma fonte do Vaticano a confirmou na segunda-feira (2) e o embaixador da Santa Sé no México a publicou em sua página do Facebook. Ela diz que duas citações separadas em resposta a perguntas separadas foram emendadas para aparecerem como uma só, eliminando o contexto e as perguntas intermediárias.

O diretor do documentário, o norte-americano de origem russa Evgeny Afineevsky, disse aos repórteres que entrevistou o papa, mas os jornalistas mais tarde encontraram a filmagem em uma entrevista de 2019 com a rede Televisa do México. Algumas não foram transmitidas anteriormente. Após a estreia do documentário, o diretor recusou-se a discutir o processo de edição. 

A nota do Vaticano enviada aos embaixadores dizia que na primeira citação o papa estava se referindo ao direito dos homossexuais de serem aceitos por suas próprias famílias como filhos e irmãos. Alguns viam os comentários como homossexuais tendo o direito de formar famílias. A nota dizia que o documentário cortou comentários onde o papa expressou oposição ao casamento gay e deixou claro que ele se referia às leis de união civil, que alguns países promulgaram para regular benefícios como o cuidado com a saúde.

Uma frase onde Francisco disse "é uma incongruência falar de casamento homossexual" foi cortada.

"É claro que o Papa Francisco estava se referindo a certas disposições estatais e certamente não à doutrina da Igreja, que ele tem reafirmado inúmeras vezes ao longo dos anos", disse a nota.

A Igreja ensina que as tendências homossexuais não são pecaminosas, mas os atos homossexuais são e que os homossexuais devem ser tratados com respeito.

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