Enquanto o Mercosul tem como seus membros plenos Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o presidente argentino espera que o bloco se amplie.
Concedendo entrevista à Sputnik, Fernández disse sobre a possível entrada da Bolívia como membro pleno do Mercosul:
"Seria formidável [...] Se Bolívia se soma como sócio pleno do Mercosul, seria um grande avanço."
Da mesma forma, o mandatário também apontou ser favorável à recriação da Unasul, bloco criado ainda em 2008 com vistas a fortalecer as relações culturais, políticas, comerciais e sociais entre os doze países da América do Sul e que foi abandonado por diversos países desde 2018.
"Eu gostaria que pudéssemos recriar o que foi a Unasul, foi muito importante e resolveu problemas importantes na região. É o tempo que nos toca e é o desafio que temos. Não pensar em uma América Latina integrada seria um erro gravíssimo. Temos que pô-lo como desafio e tratar de cumpri-lo", declarou.
Apesar das diferenças ideológicas entre as lideranças sul-americanas, Fernández destacou que mesmo assim estas têm certo nível de colaboração.
"Nela [Unasul] estavam Piñera [referência ao presidente do Chile] convivendo com todos, ou [Juan Manuel] Santos e [Álvaro] Uribe na Colômbia, convivendo com países que não pensavam igual", explicou.
FMI
Enquanto a Argentina negocia com o FMI o pagamento de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões) de empréstimos realizados nos anos de 2018 e 2019, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri, Fernández afirmou sobre a possibilidade de obter novos empréstimos que "não planejamos isso".
Ao mesmo passo, ele alegou ter recebido de Macri um país sem reservas em dólares e em situação econômica precária.
Enquanto isso, o presidente disse que em seu mandato terá "um trabalho muito duro para colocar a economia em ordem, tem que a tranquilizar e a arrumar, e isso supõe recuperar a ordem fiscal tão rápido quanto pudermos".
Para contornar os problemas econômicos, o presidente sustenta que a prioridade de seu governo é recuperar a confiança dos investidores.
"Argentina tem que recuperar a confiança porque em dezembro estávamos em default [cesse de pagamentos], estávamos com a Argentina aos avessos, e em dois anos se deu um nível de endividamento feroz que impedia ao país pensar em crescer e pensar em conseguir investidores", disse.
Em agosto passado, o governo teria começado a sair do problema via acordo para reestruturar a dívida pública.
"O acordo com os credores privados nos permite que em dez anos deixemos de pagar US$ 38 bilhões [aproximadamente R$ 219 bilhões]: essa é a economia que teve a Argentina nessa negociação, e que de agora até 2024 praticamente não teremos que pagar nada de juros", acrescentou.