O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou em maio de 2020 o apoio oficial à entrada do Brasil na OCDE. Para o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, Rodrigo Prando, no entanto, os acenos e promessas do presidente norte-americano ao Brasil nunca se concretizaram em um compromisso real com o governo de Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Sputnik Brasil, ele afirmou que Trump sempre promoveu uma "política isolacionista" ao invés de buscar um multilateralismo.
Ao comentar o fato de que Jair Bolsonaro ainda não cumprimentou o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, pela vitória nas eleições, Rodrigo Prando observou que a ausência de "cumprimentos diplomáticos, de uma carta desejando um bom mandato para Joe Biden e para sua vice, é sentida". "Aqueles que são conhecedores da diplomacia sabem que essa atitude de Jair Bolsonaro é no mínimo entendida como uma falta de educação, uma falta de traquejo na diplomacia internacional", disse.
O cientista político citou a agenda ambiental como um possível entrave para uma relação estreita com a administração de Joe Biden, tendo em vista que o "presidente Jair Bolsonaro tem um posicionamento na agenda ambiental muito parecido com o de Donald Trump, que é do negacionismo climático".
"A Amazônia e o Pantanal, dois ecossistemas importantíssimos, foram alvo de muita atenção do mundo todo por conta do desmatamento e das queimadas. E aí tanto Biden, quanto Kamala Harris, que são entusiastas da agenda ambiental, certamente estarão muito atentos a esse perfil do governo brasileiro e, é claro, que essa tensão pode significar uma pressão por parte dos EUA e gerar dificuldades de manter a promessa de Donald Trump de levar o Brasil para a OCDE", destacou o especialista.
Rodrigo Prando afirmou, entretanto, que há uma grande probabilidade de Biden retomar um "diálogo multilateral que foi abandonado por Donald Trump". Neste caso ele aponta que o Brasil pode ser contemplado por uma abordagem multilateral, mas "entraria não com privilégio, mas dentro desse processo de diálogo internacional". No entanto, o especialista alertou:
"Se o Bolsonaro manter-se firme na sua ideologia, nos seus valores, o Brasil ficará numa posição de escanteado no cenário global", completou o cientista político.