"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia levanta barreiras comerciais contra o Brasil. Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá. Porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona", disse o presidente brasileiro.
Paulo Silvino Ribeiro, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), classificou a declaração de Bolsonaro como "equivocada" e "atabalhoada".
"Acima de tudo é um equívoco que coloca em risco não só a nossa relação diplomática com os Estados Unidos, mas também aquilo que diz respeito à própria imagem que o mundo tem sobre o Brasil", afirmou à Sputnik Brasil.
Segundo Paulo Silvino Ribeiro, a declaração de Bolsonaro deixa o Brasil isolado internacionalmente.
"Primeiro que nós não temos nem condições tecnológicas ou em termos de poder em armas para enfrentar os EUA. Segundo que isso é uma grande bravata, é muito triste, é muito complicado a gente perceber que o Brasil se apequena nas relações internacionais cada vez mais", disse.
"Se é um recado, é um recado mal dado. A diplomacia tem que ser sempre a primeira e a única forma de se tratar qualquer assunto, seja um assunto de interesse bilateral ou de interesse internacional", analisou.
Outro ponto destacado por Paulo Silvino Ribeiro é que a declaração de Bolsonaro "constrange" os militares brasileiros.
"Em que pese a nossa história muito triste de 21 anos de ditadura, o Exército Brasileiro merece respeito", afirmou.
Segundo o cientista político, declarações como essa de Bolsonaro acabam prejudicando a imagem das Forças Armadas brasileiras.
"É uma instituição que lamentavelmente está sendo apequenada porque ela é 'ridicularizada' ou colocada em uma situação de saia-justa pelo nosso presidente que não entende que não há uma guerra", disse.
O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira (11) que Jair Bolsonaro se utilizou de uma "figura de retórica" e que o presidente recorreu a um "aforismo antigo que tem aí que diz que, quando acaba a diplomacia, entram os canhões".