Uma portaria assinada por Sergio Camargo e publicada nesta quarta-feira (11) no Diário Oficial pode retirar nomes como Gilberto Gil, Elza Soares e Martinho da Vila da lista de personalidades notáveis negras da Fundação Palmares, escreve o colunista Guilherme Amado.
Ontem (10), Camargo afirmou em uma rede social: "haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter".
Assinei hoje portaria que moraliza a lista de personalidades negras da Fundação Palmares. O critério de seleção passa a ser a relevante contribuição histórica. Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter. 🇧🇷
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) November 10, 2020
Pelo texto publicado do Diário Oficial, a Fundação Palmares vai estabelecer novas diretrizes para a seleção e publicação, no site da fundação, dos nomes e biografias das personalidades notáveis negras, que historicamente contribuíram para a formação e desenvolvimento dos valores culturais, sociais e econômicos no Brasil ou no mundo.
A portaria entra em vigor no dia 1º de dezembro de 2020, e determina que o processo de inclusão ou exclusão de nomes deverá passar por processo administrativo instruído por uma comissão comandada pelo presidente da instituição, Sérgio Camargo.
Para ser aceito, o homenageado deve passar pelos seguintes critérios de seleção, segundo o texto publicado no Diário Oficial: "relevante contribuição histórica no âmbito de sua área de conhecimento ou atuação"; "os princípios defendidos pelo Estado brasileiro" e "outros critérios que poderão ser avaliados, de forma motivada, no momento da indicação".
Os excluídos
Desde que tomou posse como presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo passou a promover mudanças principalmente na lista de personalidades negras.
Em setembro, a deputada federal e atual candidata à prefeitura do Rio de Janeiro Benedita da Silva foi retirada da lista homenageados. A justificativa de Camargo na ocasião foi que a parlamentar "responde pelo crime de improbidade administrativa".
Em outubro, foi a vez da ex-senadora Marina Silva. Na época, Camargo questionou a contribuição de Marina Silva para a população negra do Brasil e criticou seu viés ambientalista. No mesmo mês, o nome de Madame Satã também foi removido.