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Pesquisa em São Paulo e no Rio de Janeiro mostra que candidatos negros são percebidos como brancos

© Foto / Tania Rego/ Agência BrasilAssociação do Conselho Gestor de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro (Ascagel), promove o ato “A alma não tem cor. Não ao Racismo”, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Associação do Conselho Gestor de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro (Ascagel), promove o ato “A alma não tem cor. Não ao Racismo”, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. - Sputnik Brasil
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Número entre paulistas é quase de 11%, mas resultados não sugerem que haja relação com fraudes envolvendo verbas proporcionais à cor dos candidatos.

Ser ou não ser candidato negro? A questão de se autoproclamar negro - seja preto ou pardo - e ser considerado branco alcançou margem de 10,7% no estado de São Paulo, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (11) pelo jornal Folha de São Paulo.

O Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), núcleo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com sede na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenou a pesquisa que também foi feita com candidatos a prefeito e a vereador no estado do Rio de Janeiro. E no caso fluminense a proporção de quem se dizia negro e era classificado como branco ficou em 5,7%.

O Gemaa atua desde 2008 em investigações sobre políticas de combate à desigualdade e nessa pesquisa o órgão mostrou fotos de candidatos que se classificavam como negros para uma banca de dez examinadores em Brasília. Esta banca era etnicamente diversa. Para chegar ao resultado, era preciso que ao menos sete dos classificadores recrutados tivessem a mesma opinião.

Para o Gemaa, a avaliação final não necessariamente sugere fraude envolvendo a nova cota financeira proporcional entre brancos e negros determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para 2022, mas antecipada para as eleições deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pela decisão do TSE, os partidos são obrigados a destinar recursos do fundo eleitoral de maneira proporcional à quantidade de candidatos negros e brancos. 

Luiz Augusto Campos, um dos coordenadores da pesquisa e professor de Ciência Política da UERJ, diz que os números contradizem a expectativa de um grande número de candidatos tentando se aproveitar da ferramenta.

"O que a gente está vendo é que isso não se aplica muito. Porque os números de São Paulo e do Rio estão na margem dos processos de reclassificação do Brasil", afirmou.

Campos diz ser importante criar uma forma de fiscalização das candidaturas, mas botar isso em prática é difícil porque não há estrutura para avaliar este universo de candidatos negros, cerca de 264 mil até meados de setembro.

Para Douglas Belchior, professor de História e fundador da UneAfro, que luta pela causa negra, é fundamental combater qualquer iniciativa oportunista.

"Somos críticos a qualquer fraude. E é preciso valorizar a normativa que é importante, fundamental", disse à Sputnik Brasil.
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