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'Dá gosto de ver' retomada da produção no Brasil, diz economista

© Folhapress / Lucas Lacaz RuizTorres de alta tensão da EDP Bandeirante na região central de São José dos Campos (SP)
Torres de alta tensão da EDP Bandeirante na região central de São José dos Campos (SP) - Sputnik Brasil
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O aumento do consumo de energia no terceiro trimestre de 2020, segundo anunciado pela Eletrobras, é sinal de que a produção e a demanda está se recuperando no país, disse especialista à Sputnik Brasil.

De acordo com a estatal, o lucro líquido referente aos meses de junho, julho e agosto foi de R$ 96 milhões, inferior aos R$ 716 milhões do mesmo período do ano passado, mas que apontam para uma recuperação da produção aos níveis de antes da pandemia do coronavírus. 

A Eletrobras diz que o motivo do aumento do consumo de energia é a retomada da atividade econômica. Além disso, contribuem fatores como o calor, que eleva o gasto de aparelhos de ar-condicionado em residências e comércio, e o real desvalorizado frente ao dólar, o que torna mais barata as exportações e fortalece setores como o agropecuário. 

Segundo Johnny Mendes, professor de economia e finanças da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), "se compararmos aos dois trimestres anteriores, ao período da crise, no qual começou a cair a produção, temos alcançado um crescimento que dá gosto de ver". 

Em maio, o consumo médio nacional chegou a 55.272 megawatts (MW), de acordo com a Eletrobras, subindo ao patamar de 65.984 MW em outubro. O setor que mais cresce é o exportador, enquanto serviços e comércios ainda estão abaixo do potencial. 

'Não dá para compararmos' com 2019

Mendes explica que a "atividade industrial realmente tem aumentado e isso está se refletindo em um maior consumo de energia, o que é bom para o momento e para o futuro próximo". 

Como boa notícia, ou não tão negativa, o especialista aponta as projeções do relatório Focus, boletim semanal do Banco Central feito com as expectativas do mercado em relação aos indicadores econômicos do país, como Produto Interno Bruto e inflação. 

"Se há quatro semanas atrás estávamos prevendo um PIB de menos 5%, hoje já estamos prevendo um PIB de menos 4,8%”, disse o economista. 

Com números como esse, porém, o professor da FAAP afirma que "não dá para compararmos" a produção e o consumo de energia "com o ano passado". 

Carne, Soja, milho e laranja

Mendes diz que um dos setores que mais contribui para a retomada do crescimento é o de commodities, por exemplo, carne e soja, que se beneficiaram do real desvalorizado para exportar mais. Mas cita também o polo industrial do Amazonas, siderurgia, metalurgia e produtos como milho e laranja. 

"Na região do Amazonas temos uma planta industrial que exporta, mas temos também o setor de commodities, de carnes, empresas processadoras de carne, como Marfrig, JBS e Minerva. Todas se beneficiaram bastante desse momento [de dólar em alta]. A valorização do câmbio tem incentivado o aumento da produção e do consumo de energia, e isso aconteceu durante o período da pandemia. A demanda por carnes aumentou a partir do momento em que o preço do nosso produto ficou mais barato", explicou o especialista. 

'Novo normal' e construção civil

Mendes aponta ainda outro setor que está aquecido, o da construção civil, ajudado por formas melhores de pagamento, financiamento e taxas de juros menores. Ele também aponta o "novo normal", com as pessoas trabalhando mais em suas residências.

"Isso ajudou a aumentar essa demanda e crescimento de energia na casa das pessoas, evidentemente, mas também aumentou a demanda no setor da construção civil, por conta do aumento de prédios que estão sendo entregues ou que estão sendo construídos e vendidos na planta. E o setor de construção consome bastante", avaliou Mendes.
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