De acordo com a estatal, o lucro líquido referente aos meses de junho, julho e agosto foi de R$ 96 milhões, inferior aos R$ 716 milhões do mesmo período do ano passado, mas que apontam para uma recuperação da produção aos níveis de antes da pandemia do coronavírus.
A Eletrobras diz que o motivo do aumento do consumo de energia é a retomada da atividade econômica. Além disso, contribuem fatores como o calor, que eleva o gasto de aparelhos de ar-condicionado em residências e comércio, e o real desvalorizado frente ao dólar, o que torna mais barata as exportações e fortalece setores como o agropecuário.
Segundo Johnny Mendes, professor de economia e finanças da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), "se compararmos aos dois trimestres anteriores, ao período da crise, no qual começou a cair a produção, temos alcançado um crescimento que dá gosto de ver".
Em maio, o consumo médio nacional chegou a 55.272 megawatts (MW), de acordo com a Eletrobras, subindo ao patamar de 65.984 MW em outubro. O setor que mais cresce é o exportador, enquanto serviços e comércios ainda estão abaixo do potencial.
'Não dá para compararmos' com 2019
Mendes explica que a "atividade industrial realmente tem aumentado e isso está se refletindo em um maior consumo de energia, o que é bom para o momento e para o futuro próximo".
Como boa notícia, ou não tão negativa, o especialista aponta as projeções do relatório Focus, boletim semanal do Banco Central feito com as expectativas do mercado em relação aos indicadores econômicos do país, como Produto Interno Bruto e inflação.
"Se há quatro semanas atrás estávamos prevendo um PIB de menos 5%, hoje já estamos prevendo um PIB de menos 4,8%”, disse o economista.
Com números como esse, porém, o professor da FAAP afirma que "não dá para compararmos" a produção e o consumo de energia "com o ano passado".
Carne, Soja, milho e laranja
Mendes diz que um dos setores que mais contribui para a retomada do crescimento é o de commodities, por exemplo, carne e soja, que se beneficiaram do real desvalorizado para exportar mais. Mas cita também o polo industrial do Amazonas, siderurgia, metalurgia e produtos como milho e laranja.
"Na região do Amazonas temos uma planta industrial que exporta, mas temos também o setor de commodities, de carnes, empresas processadoras de carne, como Marfrig, JBS e Minerva. Todas se beneficiaram bastante desse momento [de dólar em alta]. A valorização do câmbio tem incentivado o aumento da produção e do consumo de energia, e isso aconteceu durante o período da pandemia. A demanda por carnes aumentou a partir do momento em que o preço do nosso produto ficou mais barato", explicou o especialista.
'Novo normal' e construção civil
Mendes aponta ainda outro setor que está aquecido, o da construção civil, ajudado por formas melhores de pagamento, financiamento e taxas de juros menores. Ele também aponta o "novo normal", com as pessoas trabalhando mais em suas residências.
"Isso ajudou a aumentar essa demanda e crescimento de energia na casa das pessoas, evidentemente, mas também aumentou a demanda no setor da construção civil, por conta do aumento de prédios que estão sendo entregues ou que estão sendo construídos e vendidos na planta. E o setor de construção consome bastante", avaliou Mendes.