Ao reunir fragmentos, um grupo de pesquisadores conseguiu decifrar a inscrição de uma coluna de pedra erguida no ano 198 d.C. na cidade romana de Nicopolis ad Istrum, território do centro-norte da Bulgária contemporânea, de acordo com o portal Archaeology in Bulgaria.
A inscrição copia a carta mandada aos habitantes de Nicopolis ad Istrum pelo imperador romano Sétimo Severo e seu filho Caracala, do ano quando o filho foi feito coimperador.
A pedra destruída foi encontrada em 1923, mas passou quase um século em um museu local até que finalmente fosse restaurada por especialistas. Ao reunir e traduzir o texto em grego antigo, determinaram que se trata de uma carta de agradecimento do imperador Sétimo Severo (de 193 d.C. a 211 d.C.) aos cidadãos da cidade, que doaram para o imperador 700 mil denários, na tomada de poder.
Ancient #Greek Inscription reveals #Roman Emperor Septimius Severus & #Caracalla told “political lies" re large-scale “bribe" from residents of Roman city of #Nicopolis ad Istrum, today near Veliko Tarnovo in Central North #Bulgariahttps://t.co/eYnTBjKcS8 pic.twitter.com/2DPW1HF6Qy
— Sarah (@Sarah404BC) November 14, 2020
Antiga inscrição grega revela que os imperadores romanos Sétimo Severo e Caracala disseram "mentiras políticas" de outro "suborno" de grande escala dos habitantes da cidade romana Nicopolis ad Istrum, hoje perto de Veliko Tarnovo no centro-norte da Bulgária.
A soma, equivalente a "vários milhões" de euros hoje em dia, foi "um suborno" dos habitantes de Nicopolis a Sétimo Severo, segundo o epigrafista Nikolai Sharankov. No entanto, o suborno foi mascarado como uma doação.
"É por isso que o texto diz: 'Aceitei este dinheiro dado por pessoas bem-intencionadas.' Ou seja, não o aceitou como um suborno, mas como um presente", explicou Sharankov.
Desta maneira os cidadãos tentaram recuperar o favor do imperador depois de ter apoiado um de seus revias, Pertinax, no ano 193 d.C.
Mentira para legitimação
Além disso, o texto contém uma "mentira política" evidente, destacada pelo pesquisador. No preâmbulo, Sétimo Severo se apresenta como filho de Marco Aurélio (de 161 d.C. a 180 d.C.), embora proviesse do Norte da África e não tivesse nada a ver com a Dinastia Nerva-Antonina.
"Desta forma, [Sétimo Severo] rastreou sua linha até o imperador Trajano (de 98 d.C. a 117 d.C.) e assim, com esta carta, o imperador pretendia se legitimar perante o povo", afirmou Sharankov.
A estela restaurada, de três metros de altura, foi devolvida à localização inicial e pode ser apreciada pelos visitantes das ruínas de Nicopolis.
"Espero que gere interesse adicional, porque há muitas poucas cartas imperiais [romanas] que sobreviveram até hoje", destacou o diretor do Museu Regional de História de Veliko Tarnovo, Ivan Tsarov.