O corpo de Beto Freitas foi velado sob um véu branco no cemitério São João, em Porto Alegre, com a presença de familiares da vítima. Sobre o caixão foi posta uma bandeira do clube de futebol São José, do qual o homem era torcedor.
Conforme publicou o jornal Folha de São Paulo, a viúva de Freitas, Milena Borges Alves, colocou uma aliança do corpo de Beto Freitas, com quem se casaria em dezembro. Ainda segundo a publicação, havia pessoas com cartazes pedindo justiça pelo assassinato. Um cortejo acompanhou o caixão de Beto Freitas até o local do sepultamento.
Um protesto silencioso também reuniu centenas de pessoas em homenagem a Beto Freitas nas ruas de Porto Alegre, como mostram registros nas redes sociais.
De arrepiar! Milhares marchando em silêncio ontem nas ruas de Porto Alegre em memória de Beto Freitas e em protesto contra a violência racista que brutalizou mais um corpo negro.#VidasNegrasImportam#JustiçaPorBeto pic.twitter.com/oKqFUuPXco
— CPERS (@Cpersoficial) November 21, 2020
Freitas, de 40 anos, foi espancado por seguranças por cerca de cinco minutos em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre. A morte do homem negro na véspera do Dia Nacional da Consciência Negra gerou protestos em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, um dos mercados da rede foi invadido e depredado por manifestantes.
Autoridades dos 3 poderes lamentam morte; Bolsonaro diverge
Autoridades brasileiras se manifestaram sobre o espancamento. A ministra da Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que as imagens do espancamento são "chocantes" e causam "indignação e revolta". O presidente da Câmara dos Deputados afirmou em redes sociais que "a cultura do ódio e do racismo deve ser combatida na origem". O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux, também lamentou o fato.
Já o vice-presidente Hamilton Mourão lamentou o ocorrido, mas afirmou que "não existe racismo no Brasil". O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não deu declarações citando diretamente a morte de Freitas, mas criticou nas redes sociais em uma série de postagens o que entende como tentativas de importar "tensões alheias" e a busca para criar conflito e "divisão entre as raças" no Brasil. Bolsonaro também afirmou: "como homem e como Presidente: sou daltônico: todos têm a mesma cor".
- Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 21, 2020