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COVID-19: com 130 milhões de vacinas da Fiocruz, estaremos livres da pandemia no Brasil?

© Folhapress / Mateus Bonomi / AGIFAção de vacinação contra H1N1 no Ceasa de Brasília em 9 de novembro de 2020
Ação de vacinação contra  H1N1 no Ceasa de Brasília em 9 de novembro de 2020 - Sputnik Brasil
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Nesta segunda (23), a Fiocruz disse que 130 milhões de brasileiros podem receber vacina de Oxford em 2021, e que a campanha de imunização está prevista para iniciar em março. É possível considerar que este cenário significa que o fim da pandemia no Brasil está próximo?

Segundo Guilherme Werneck, médico epidemiologista e professor do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a resposta é não.

"Precisamos ter cautela, porque as vacinas não podem ser consideradas como um único elemento, ou como se diz, uma bala de prata, para o término dessa pandemia", afirma o especialista, sobre as 130 milhões de vacinas que serão disponibilizadas pela Fiocruz.

Werneck explica o motivo para a cautela. Segundo ele, além da vacina, outros vários elementos também precisam ser levados em conta quando se fala em combate a uma pandemia. 

"Algumas dessas vacinas, como a vacina da Pfizer e da Moderna, por exemplo, têm limitações em termos de distribuição, em função dos aspectos relacionados à cadeia de frio. Além disso, algumas dessas vacinas não foram inicialmente compradas pelo Brasil, então não estarão disponíveis rapidamente", diz o especialista.

Outro elemento ressaltado pelo epidemiologista é a efetividade das vacinas. Werneck explica que quando os imunizantes saem dos estudos e vão para a prática, ou seja, para as campanhas de imunização, a eficácia pode não ser a mesma que foi alcançada durante as pesquisas em laboratório.

"As vacinas têm a eficácia influenciada por uma série de mecanismos e questões operacionais. Ou seja, a vacina tem uma eficácia, mas na prática ela pode ter mais dificuldade de corresponder aos estudos", afirma Werneck.
© REUTERS / RICARDO MORAESUm homem caminha ao lado de um grafite retratando um limpador em equipamento de proteção espalhando vírus com o rosto do presidente Jair Bolsonaro, em meio ao surto da doença coronavírus (COVID-19), no Rio de Janeiro, Brasil, 7 de outubro de 2020
COVID-19: com 130 milhões de vacinas da Fiocruz, estaremos livres da pandemia no Brasil? - Sputnik Brasil
Um homem caminha ao lado de um grafite retratando um limpador em equipamento de proteção espalhando vírus com o rosto do presidente Jair Bolsonaro, em meio ao surto da doença coronavírus (COVID-19), no Rio de Janeiro, Brasil, 7 de outubro de 2020

Brasil deve lidar com COVID-19 até 2022

Em contraponto às boas notícias sobre as eficácias das vacinas nas últimas semanas, o Brasil viu os números da pandemia subirem novamente. A taxa de transmissão é a mais alta desde maio, os números de casos e óbitos voltaram a subir em muitas cidades, e há duvidas sobre se o país está preparado para uma segunda onda de COVID-19.

Sobre este cenário, Werneck avalia que o Brasil está atravessando atualmente um momento "muito crítico", já que passa por reversão das quedas nos números, que aconteciam desde julho.

"É importantíssimo que as pessoas reconheçam que o risco está aumentando, e é preciso as pessoas se conscientizarem para manter o distanciamento e as precauções. [...] A situação não está simples e não teremos em tão curto prazo assim uma solução vacinal que possa interromper esse crescimento que estamos observando nesse momento", diz Werneck.

Além de reforçar a necessidade das medidas de prevenção, Werneck destaca que, mesmo se as previsões se confirmarem e a vacinação tiver início em 2021, isso não significa que a vacina estará disponível para todos nos próximos meses. Antes, é preciso definir quem terá prioridade em receber as primeiras doses. Werneck defende que, além de médicos e pessoas com comorbidade, como idosos e obesos, os indígenas também deveriam figurar na lista de prioridades, uma vez que vêm "sendo acometidos de forma brutal pela COVID-19". 

Independente de quem serão os primeiros a serem imunizados, ainda teremos meses de combate à COVID-19 pela frente, na opinião do especialista.

"Ainda em 2021 e possivelmente até em 2022 vamos ainda lidar com a COVID-19 e precisamos estar atentos, com sistemas de vigilância preparados, sistemas hospitalares para a atenção e prevenção do novo coronavirus", afirma Werneck.
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