Falta a Câmara dos Deputados bater o martelo, mas o Senado aprovou nesta quarta-feira (25) um projeto que prevê punição maior em caso de crimes cometidos por preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional ou orientação sexual, informou o site G1. Mas o texto não definiu em quanto tempo a pena poderá ser aumentada nessas hipóteses.
A Constituição já previa ser crime a discriminação e o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. E o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece desde 2019 que homofobia e transfobia são violações da lei.
A votação da proposta não constava da pauta da sessão desta quarta-feira (25), mas entrou a pedido do autor do texto, Paulo Paim (PT-RS).
O senador argumentou que a casa precisava "dar uma resposta" ao caso da morte de João Alberto Silveira Freitas. Negro, ele morreu após ter sido espancado e asfixiado por dois seguranças no supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na sexta-feira (20).
O projeto aprovado pelo Senado incluiu o preconceito por raça, cor, religião e orientação sexual nesse conjunto de situações que "sempre agravam a pena", de acordo com o Código Penal.
Segundo o texto, os agravantes de discriminação devem ser adicionados a este Código (Decreto-Lei 2.848, de 1940). Além do preconceito de raça, cor, etnia, religião ou nacionalidade, o projeto também leva o agravante de preconceito de orientação sexual. Esse acréscimo foi solicitado durante a votação pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
"O Estado brasileiro tem que se posicionar e o Poder Legislativo, eu tenho certeza, não vai se omitir, como já decidiu, no dia de hoje [quarta-feira (25)] numa votação simbólica, mostrando que todos nós somos contra o racismo", disse Paim.
O relator do projeto, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que o país vive “tempos de intolerância” e citou casos recentes de violência por motivação racial culminando na morte de João Alberto. Para ele, o episódio chama a atenção para o racismo estrutural na sociedade brasileira ao qual ele atribui o acontecimento.
"O racismo estrutural no Brasil é uma realidade. Precisamos agir rapidamente para combater essa desigualdade. Nós vimos, atônitos, um cidadão negro ser espancado, asfixiado e morto por motivos ainda desconhecidos. Esse cidadão teria o mesmo tratamento caso fosse branco", defendeu Pacheco.