Fontes da Defesa informaram o canal ABC que soldados de elite que enfrentam possível expulsão são membros do 2º Esquadrão, agora dissolvido, e do 3º Esquadrão do Regimento de Serviço Aéreo Especial (SAS, na sigla em inglês). Outros membros do SAS poderão ser dispensados ou enfrentar uma série de sanções disciplinares, incluindo avisos formais.
Os militares são suspeitos de ter sido "cúmplices" ou "testemunhas" de alegados assassinatos cometidos por outros soldados do SAS, mas não são parte dos 19 que Paul Brereton recomendou remeter à Polícia Federal.
"A Defesa pode confirmar que iniciou ações administrativas contra vários soldados em serviço na Força da Defesa australiana de acordo com a legislação e política da Defesa", contou ao The ABC o representante do departamento.
"Como anunciou na semana passada o chefe da Força de Defesa [CDF], as conclusões do inquérito do inspetor-geral da Força de Defesa australiana no Afeganistão [IGADF] sobre alegada negligência de pessoal no exercício de suas funções foram aceitas pelo CDF e as alegações serão geridas através de processos administrativos e disciplinares da Força de Defesa australiana", detalhou.
O relatório de Brereton, comissionado pelo inspetor-geral da Força de Defesa australiana, descobriu "informação credível" de que soldados australianos assassinaram civis e prisioneiros no Afeganistão.
Ele revelou que 25 militares australianos estiveram envolvidos nos crimes graves, quer cometendo os crimes ou ao menos sendo "cúmplices" deles. "Cada assunto e circunstâncias individuais serão considerados caso a caso", disse o representante.
Conclusões de Paul Brereton muito editadas revelaram alguns detalhes sobre os alegados crimes cometidos, apontando problemas culturais sistémicos que enfrenta o SAS e unidades de comandos.
O relatório inclui detalhes sobre uma prática conhecida como "sangramento", quando soldados juniores são frequentemente obrigados por seus comandantes de patrulha a matar prisioneiros para conseguir sua primeira morte.
"Normalmente, o comandante da patrulha tomaria uma pessoa sob controle e ao membro júnior [...] seria então ordenado matar a pessoa sob controle", contou Brereton.
A Força de Defesa australiana declarou que, devido a razões de privacidade, ela não forneceria detalhes sobre os membros em serviço que enfrentam expulsão, adicionando, porém, que é "essencial que o devido processo seja seguido e que nenhum comentário adicional seja feito até o processo acabar".
As conclusões do relatório da semana passada provocaram ondas de choque por toda a comunidade da defesa e expuseram uma "cultura guerreira" entre os soldados de elite australianos que envolveu um "foco equivocado no prestígio, status e poder".