Na noite de domingo (29), o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, decidiu protestar nas redes sociais contra a interferência norte-americana na divulgação de notícias sobre os recentes acontecimentos em Havana envolvendo protestos de um grupo de artistas.
The San Isidro farce. There is no invention when talking about links and contacts between the San Isidro Movement and the USA officials caring for them and supplying their headquarters.#SomosCuba https://t.co/F8RMZUh7Ib
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) November 29, 2020
A farsa de San Isidro. Não há invenção quando se fala em vínculos e contatos entre o movimento San Isidro e as autoridades americanas que cuidam deles e abastecem sua sede.
Miguel Díaz-Canel Bermúdez chamou a participação dos EUA diante do caso de "manipulação midiática do chamado movimento San Isidro", o qual qualificou como "farsa", acrescentando que a ilha não admite "interferências, provocações ou manipulações".
"Quem desenhou a farsa de San Isidro errou sobre o país, errou sobre a história e errou sobre as Forças Armadas", disse o presidente.
Em outra publicação, também no domingo (29), ele condenou a participação do governo dos Estados Unidos.
Those who planned the San Isidro farce have wrongly chosen the country, the history & the police force. We accept no intrusion, controls or hassles. Our people has moral and pluck to fight for Cuba. pic.twitter.com/513vgqI3dm
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) November 29, 2020
Aqueles que planejaram a farsa de San Isidro escolheram erroneamente o país, a história e a polícia. Não aceitamos intrusão, controle ou aborrecimento. Nosso povo tem moral e coragem para lutar por Cuba.
O presidente destacou que nada poderá enfrentar a "desafiadora resistência cubana".
Entenda o caso
O conjunto de artistas chamado San Isidro é um grupo que promove manifestações contra o governo de Cuba. Sua lista de demandas inclui informações confiáveis sobre o paradeiro de Denis Solís, assim como liberdade de criação e expressão, o direito à dissidência e o fim da repressão e do assédio a artistas independentes.
Por outro lado, o governo cubano não apenas reconhece essas demandas, como recebe o grupo com relativa frequência no Ministério da Cultura, em Havana. Na última sexta-feira (27), 30 jovens artistas e intelectuais cubanos foram recebidos pelo vice-ministro de Cultura, Fernando Rojas. Este encontro durou cerca de cinco horas.
Os membros do movimento San Isidro exigiam a libertação do rapper Denis Solís, detido em 9 de novembro e condenado a oito meses de prisão por desacato à autoridade. Eles saíram da reunião com a promessa de que Fernando Rojas vai examinar o caso.
O governo de Cuba, porém, sugere que o caso envolvendo Solís faça parte de uma fabricação intencional. Cuba afirma que ele havia sido intimado oficialmente em uma ocasião anterior a comparecer à unidade da polícia a fim de esclarecer sua ligação com um grupo terrorista baseado em Miami.
Solís decidiu não comparecer a essa primeira convocação das autoridades policiais. Ao receber uma intimação em casa, ele reagiu com violência, segundo a polícia cubana.
Ao ser preso por desacato, ele gritou: "Trump 2020. Trump é meu presidente". Enquanto isso, segundo a polícia, ofendia e desafiava as autoridades cubanas.
Retaliação cubana
O governo cubano acusa o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Cuba, Timothy Zúñiga-Brown, de ter visitado as instalações dos manifestantes de San Isidro várias vezes, além de se empenhar para transportar pessoas para Miami e apoiar aqueles que violavam as leis cubanas.
Cuba sustenta que tal procedimento constitui "graves violações de suas funções como diplomata e chefe de missão, uma ingerência flagrante e desafiadora nos assuntos políticos internos de Cuba".
Além disso, o governo cubano afirma estar "plenamente ciente do envolvimento do governo dos Estados Unidos no financiamento, orientação e incitação de grupos e indivíduos em Cuba a desafiar a autoridade do governo, tanto por meios pacíficos como violentos".