De acordo com informações reveladas pela reportagem de Rubens Valente, do UOL, o documento intitulado "Mapa de influenciadores" foi elaborado pela empresa BR+ Comunicação, que analisou postagens sobre o Ministério da Economia e o ministro Paulo Guedes durante o mês de maio de 2020. Foi apurado que a empresa tem um contrato com o Ministério da Ciência e Tecnologia no valor R$ 2,7 milhões.
O relatório da empresa de comunicação teria levado ao governo classificações sobre os profissionais em três grupos: "detratores" do governo, "neutros informativos" e "favoráveis". O primeiro grupo forma a maioria da lista, com 51 nomes. Os "favoráveis" são 23, e outros oito "neutros informativos" completam a relação, sendo que um nome se repete em dois grupos.
Fazem parte da lista de "detratores" nomes de jornalistas como Xico Sá, Guga Chacra, Vera Magalhães, Cynara Menezes, e professores universitários como Silvio Almeida, Laura Carvalho, Jessé Souza, entre outros.
Pior é saber q torraram 2,7 milhões nesse serviço sujo digno de Ditaduras!
— xico sá (@xicosa) December 1, 2020
Relatório do governo separa em grupos 81 jornalistas e influenciadores @UOLNoticias @UOL https://t.co/iyfnOzFGOi
Muitos dos citados se manifestaram nas redes sociais, criticando a produção do documento.
Acabo de saber que meu nome foi incluído em um relatório produzido a mando do Ministério da Economia. Segundo a reportagem, estou na lista por ser crítico ao governo, um "detrator".
— Silvio Almeida (@silviolual) December 1, 2020
Minha grande preocupação agora é: em qual lugar do currículo Lattes devo colocar esta honraria? https://t.co/AxxaVoMSP5
Entre os "favoráveis", constam nomes como Milton Neves, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Tomé Abduch, entre outros.
De acordo com a publicação, a partir do documento podem ser tomadas medidas como o "monitoramento preventivo das publicações da influenciadora", "envio de esclarecimentos para eventuais equívocos que ele publicar" ou "propor parceria para divulgar ações da Pasta".
Resposta do Ministério da Economia
O Ministério da Economia, em resposta à reportagem, afirmou que os "produtos de comunicação" são definidos no contrato pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), "assim como é definido para todos os órgãos da administração direta".
"Esclarecemos, portanto, que os órgãos não têm coordenação sobre essa entrega [Mapa de Influenciadores], mas, assim como monitoramentos de redes sociais e clipping de imprensa, ela é importante para o envio de releases, convocações para coletivas de imprensa, participações em eventos, fotos e vídeos", diz a nota da pasta.
Ainda de acordo com o Ministério da Economia, "não se faz uso de informações pessoais". "O produto também não traz informações de profissionais de governos, apenas jornalistas e influenciadores de redes sociais e/ou formadores de opinião - definidos com base no número de seguidores", completa a nota.