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Fim do auxílio emergencial e PIB: economista avalia possível cenário para 2021

© Folhapress / Wagner Souza/Futura PressMovimentação no comércio da cidade de Campinas (SP)
Movimentação no comércio da cidade de Campinas (SP) - Sputnik Brasil
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A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia informou na quarta-feira (2) que o "escudo de políticas sociais" criado para amenizar os impactos da pandemia deve ser "desarmado".

A avaliação foi divulgada após o anúncio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que registrou um crescimento de 7,7% em comparação ao período anterior.

A Sputnik Brasil ouviu o economista e professor dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, Mauro Rochlin, sobre se o crescimento do PIB no 3º trimestre é suficiente para indicar o fim da necessidade do auxílio emergencial, criado para amenizar os impactos sociais e econômicos advindos da pandemia do novo coronavírus.

"Essa questão dos chamados escudos sociais é muito complexa, porque de um lado envolve necessidades prementes da população e também acarreta uma aceleração nessa recuperação econômica, mas por outro lado pode causar sérios danos em termos de problemas fiscais, os quais o país já enfrenta. Ou seja, o Brasil é um grande devedor, a relação dívida/PIB é muito elevada, e a continuidade do auxílio emergencial pode comprometer seriamente a solvência da dívida brasileira e a confiança que os investidores têm nos títulos públicos brasileiros", avaliou o economista.

Segundo Rochlin, a dificuldade é saber qual é a justa medida. Ele avalia que o auxílio, da maneira como está sendo concedido, não vai ser mais possível a partir do mês de janeiro. "São 66 milhões de pessoas que o recebem e o governo vai ter que focalizar melhor o pagamento desses valores".

Crescimento do PIB

Rochlin comentou a notícia do crescimento do PIB no terceiro trimestre deste ano: "O crescimento que o país experimentou no terceiro trimestre foi sem dúvida nenhuma favorecido por fatores que não vão estar mais presentes no futuro próximo. Em primeiro lugar, no segundo trimestre nós tivemos uma paralisação muito grande da economia, principalmente no setor de serviços, que tem maior peso no PIB. O fato de o terceiro ter sido um período em que houve uma retomada dessa atividade contribuiu fortemente para que um bom resultado fosse alcançado".

Sobre se o fim do auxílio emergencial poderia impactar o PIB de 2021, o economista diz que é uma questão difícil de avaliar no momento. "O governo também projeta uma alta do PIB no quarto trimestre, menor que a do terceiro, mas já com impacto da segunda onda da pandemia, que coloca em risco a retomada da economia do país".

​Apesar do fim do auxílio emergencial, pelo menos da redução dele, que é o que se espera a partir de janeiro, o especialista acredita que haverá um avanço do PIB em 2021, "isso porque a base de comparação é muito baixa". Em 2020, segundo Rochlin, o ano deve fechar com queda de 4,5% do PIB, e supostamente — considerando que não vai acontecer um novo lockdown — a ideia é que em 2021 haja um nível de atividade econômica um tanto mais aquecida.

Reformas administrativa e tributária

Segundo a área econômica, o fim do auxílio governamental abrirá espaço para a agenda de reformas estruturais e medidas de ajuste das contas públicas.

Perguntado se elas são decisivas, Rochlin afirmou: "Uma vez aprovada, a reforma tributária, por exemplo, vai ajudar o governo a conseguir gerir de forma mais equilibrada suas contas e as empresas a terem uma redução de seus custos de produção".

"Aprovadas as reformas, a expectativa dos agentes econômicos vai sofrer uma melhora expressiva, e com isso se espera que o investimento passe a ser mais intenso", finalizou o economista.

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