Uma equipe de cientistas do Reino Unido afirma que a aranha Steatoda nobilis, conhecida como falsa-viúva-negra, carrega em sua picada algo muito mais perigoso do que veneno. Essa espécie, comum em casas britânicas, transmite na picada bactérias que causam infecções de pele horríveis. A descoberta foi publicada na terça-feira (1º) na revista científica Scientific Reports.
"Cerca de dez espécies de aranhas comuns no noroeste da Europa têm presas fortes o suficiente para perfurar a pele humana e liberar veneno, mas apenas uma delas, a falsa-viúva-negra é considerada de importância médica", afirma John Dunbar, principal autor do estudo, citado pelo portal Science Alert.
Na maioria dos casos, quem é picado por essa espécie pode esperar algumas horas de dor no local e talvez um ou dois dias de articulações rígidas. Mas não é com o veneno que precisamos nos preocupar, é com o risco representado por bactérias encontradas nas presas dessas aranhas.
Praga no Reino Unido
Desde o início da pandemia de COVID-19, os casos de picadas por falsa-viúva-negra aumentaram no Reino Unido e fala-se até em praga da espécie. Recentemente foram noticiadas histórias sobre picadas de aranhas que deixaram as vítimas com algo muito pior do que um dedo latejante. Mãos inchadas, buracos de pus apodrecendo e até ameaças de amputação foram alguns dos casos que chamaram a atenção dos pesquisadores.
"Nosso estudo demonstra que as aranhas não são apenas venenosas, mas também são portadoras de bactérias perigosas capazes de produzir infecções graves […]. A maior ameaça é que algumas dessas bactérias são resistentes a vários medicamentos, o que as torna particularmente difíceis de tratar com medicamentos regulares", explica Neyaz Khan, coautor do estudo.
Devido ao uso excessivo de antibióticos, tanto na medicina quanto na manutenção da saúde do gado, as superbactérias resistentes aos medicamentos são uma ameaça emergente. A boa notícia é que todos os micróbios encontrados na falsa-viúva-negra podem ser tratados com ciprofloxacina, um antibiótico comum. Por enquanto, pelo menos.
Compreender o potencial de infecção resistente a medicamentos, mesmo por meio de alguns furos minúsculos, pode ajudar a salvar vidas. "Isso é algo que os profissionais de saúde devem considerar a partir de agora", conclui Khan.